domingo, 27 de dezembro de 2009

PALAVRA PROFÉTICA

Mas diante da igreja, antes quero dizer cinco palavras tiradas da minha cabeça, mas que os outros possam aproveitar, do que milhares de palavras em línguas desconhecidas.” 1 Cor 14,19 (versão A Bíblia para todos p. 2246)

Há um baú de tesouro
repleto e palpitante de mistérios
inefáveis depositados por Deus,
como a terra úbere de minérios,

os próprios anjos dele se surpreendem
reclinados na indagação
de novo vento que lhes enfune as asas
e nos lábios lhes cante nova canção

não é de madeira preciosa
nem engastado de diamante
é dotado de riso e choro
de canto doce e troante

esse tesouro é a mente
incendiada e tenra do profeta
apurada para a interpretação de Deus
trasladada em voz de pastor, rei ou poeta

desse tesouro não retira o profeta
um gemido em estado bruto inexprimível
em língua celeste inaudita
mas palavra de homem inteligível

ao tempo e ao entendimento da assembleia
conforto coragem leme e lema para o povo
assim dita e pronunciada é como na árvore
nascente a pujança de um renovo

20/12/09

Rui Miguel Duarte
Publicado ineditamente em Papéis na Gaveta

PALAVRA PROFÉTICA

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Sim nasceu

Foi na pobre Belém?
Sim, nasceu!
Foi na rude manjedoura?
Sim, nasceu!
Foi cercado de animais?
Sim, nasceu!

Foi no meio do nada
para solucionar tudo!
Sim, nasceu!

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

Quem é este?

Quem é este, no peito materno
acomodado em meio ao feno,
A mamar suave e terno?

Quem é este, na manjedoura acomodado,
dorme manso e suave,
sempre pelos pais observado?

Quem é este, nos braços de um rude pastor,
Não rejeita os humildes nem estranhos,
tão pequeno e sereno, tão cercado de amor?

Quem é este?

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

Eterna luz

Pastores correm para lá.
Magos, agitados, vão sem demora.
Numa manjedoura se encontrarão
com o pequeno menino que veio, enfim,
fazer brilhar a eterna luz.

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sim, virá!

Sim, virá!
Pregar as boas novas,
curar, libertar.

Sim, virá!
Resplandecente luz,
alimento e fé.

Sim, ele virá!

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

Há de vir

Há de vir.
Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte.

Há de vir.
Pai da eternidade, Príncipe da Paz, Rei dos reis.

Esperar é alimentar dia-a-dia
a fé, a esperança e o amor.

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Espera

Espero ver
a justiça,
o amor,
o Messias,
Redentor.

Vejo a luz a anunciar:
Tenha fé e, sim, verás!

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Advento

Eis que brilha
no fundo da alma
a esperança.

Luz que não se apaga,
luz que não se consome.

Brilho cada vez maior.
Fulgor de um novo amanhã.
Velas, lamparinas, lâmpadas
prenunciam a luz que vem.
Eterna luz da vida
brilhará, enfim, sobre nós.

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Olhe ao espelho

Dias há em que teus olhos vislumbram o lampejo:
E tu percebes (dolorosamente) que o Mundo
(ora aos gritos, ora aos silêncios) opera contra ti.

Veja, um espelho: Aí está você, amigo(a), Tróia cercada
de cavalos de pau, de aço, de angústia...
Retire as máscaras dos problemas, dos cavalos,
dos prazeres-bombas-de-efeito-retardado
que o Mundo oferta: é Satanás quem está por trás, é ele
quem corrompe tuas muralhas, é ele quem às tuas posses pilha,
ele é quem dia e noite te sitia, te presenteia, quem
incubadamente te incendeia.
E tudo com o teu inocente consentimento, ó cidade livre,
cidade aberta...

Saiba, cidadela esmorecida: Muralha alguma resiste
sem o Cordeiro.
Coisa dura e triste, como uma guerra, como (em alguns
momentos) a vida:
Sem Jesus do teu lado, sequer há batalha:
Você já é derrotado de saída.
Mas Jesus é a Vitória, aquela VITÓRIA SUPREMA
que você duvida que se alcance, duvida até que exista;
Alcance-O, e FINALMENTE vencerás.
Pois sem Ele sequer podemos
ensaiar uma resistência. Sem Ele, sem armas.

Drogas, filosofias, religiões inventadas por homens?
O mal é lenha para a fornalha do mal. Sonhará você
vencer o inferno
com o inferno? Tente com LUZ. Dispare com LUZ:
Ao primeiro tiro
verás o tamanho da cratera que se produzirá.
Jesus é o Verbo encarnado,
foi Ele quem TUDO criou: Ele é o Armeiro e a Arma,
Quem iniciou
e Quem terminará. Um bom amigo para se ter, e AMIGO
PARA SEMPRE.

Lembra disso na batalha, altiva Tróia: o Aliado mora lá
em cima, ao alcance
de uma oração. Tudo o mais (use a sabedoria, que não é razão)
são lindos cavalos,
lindos ocos cavalos, que se abrirão.

Tua salvação é gratuita, ó Jóia do Egeu: O Salvador já pagou por você.
Aceite-O, e sobre todas as coisas VENCERÁS.

Sammis Reachers

do e-book Uma Abertura na Noite

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

MANJEDOURA

“Nasceu-lhe então o menino, que era o seu primeiro filho. Envolveu-o em panos e deitou-o numa manjedoura, porque não conseguirem arranjar lugar na casa.” (Lucas 2,10 versão A Bíblia para todos, p. 2047)

Não havia uma bacia de água
onde a jovem parturiente
amaciasse os pés
crespos da caminhada

Não havia leito
onde alongasse as pernas
das horas moldadas
ao dorso do jumento

Não havia travesseiro
em que desatasse a dor
jugulada do parto

Não havia linho fino
para cingir os membros tenros
do primeiro filho
Não havia o anteparo
de um berço de ouro

Apenas havia umas faixas
uma tiras de pano de saco rasgadas
apenas sobrava uma manjedoura
para hospedar a noite de feno
do pequeno corpo amarantino

Num estábulo
na ponta mais longe da estrada
aí onde os animais
consolam as bocas
foi disposto o pão vivo do céu


Rui Miguel Duarte
15/12/09

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Não podes trazer

Poema Inédito de J.T.Parreira

«pronta a partir a nave que nunca há-de voltar»
Antonio Machado


Não podes trazer de volta
a primeira primavera
das rosas no limiar ainda
das estrelas, nem a primeira
neve a enrolar seu corpo
de água, não podes
trazer de volta a espuma
a primeira espuma
no mar alegre e claro
não podes trazer de volta
o infinito, o olhar divino
depois de terminar o Homem
as mãos do teu primeiro filho
dentro das quais teu coração
se fez pequeno, já não podes
trazer de volta os teus
primeiros passos, longe ficaram
no teu já longo caminho.

Forte do Gragoatá



O sol se põe
E para trás, para a paisagem
Que vai perdendo o valor que o Sol
Empresta
Tudo vai ficando morte e turvo,
Sinistro, mas sem o laivo de terror
Que essa palavra oferta, sinistro
Por não haver-lhe outra palavra que caia.
E não importam mais a altura e altivez
Dos edifícios, a arquitetura de esmero,
A ousadia ou o cio:
Tudo como que descai de beleza e valor
Ao pôr do Sol.

E compreendo, nosso pequeno Sol é uma prova
Que se alteia e brada: Por mais que façamos,
Sem a luz de Deus não somos nada.

Sammis Reachers


Do e-book Uma Abertura na Noite

sábado, 12 de dezembro de 2009

Liquidações

A casa foi tomada com todo o excesso
dos assaltos, levaram móveis
completos de lembranças, souberam
levar o que mais doía
A arca, todos os rolos, o candelabro
de sete braços vendidos por um preço
imponderável
Da casa perdida nas janelas do mundo
só não levaram o sábado.

J.T.Parreira

NATUREZA VIVA

Tu visitas a terra e a regas; tu a enriqueces copiosamente; os ribeiros de Deus são abundantes de água; preparas o cereal, porque para isso a dispões (Salmo 65.9).

O sol a olhos vistos
Levou a água da lagoa
Levou a água do rio
Baixo o nível do mar

O sol se escondeu
E as nuvens
Fizeram as águas voltar
Para a lagoa
Para o rio
E aumentar o nível do mar

Mas depois vai o sol acordar
E de novo levar as águas
Da lagoa
Do rio
Do mar

Se tudo assim continuar
Vai a tudo beneficiar

Bichos
Homens
Plantas
Lagoa
Rio
Terra
E o grande mar.

Autoria: Luiz Flor dos Santos, pastor na cidade de São Gonçalo do Amarante, Ceará na Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida.

CONHEÇA OS BLOGS DO PASTOR LUIZ FLOR:
www.pulpito.blog.terra.com.br
www.poesiadegraca.blogspot.com

A VELA HISTÓRIA DE NOVO

Disse-lhes Jesus uma parábola, sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer (Lucas 18.1)

A água batia na pedra
A água batia na pedra
A água batia na pedra

E a pedra lá
Lá!Lá!Lá!Lá!Lá!...

A água furou a pedra
Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!...

Autoria: Luiz Flor dos Santos, pastor na cidade de São Gonçalo do Amarante, Ceará na Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida.

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NAVEGAÇÃO PERIGOSA

Ri-se aquele que habita no Céu... E zomba deles (Salmo 2.4)

Um dia...

Alguém
Surgiu com uma idéia

Soltar a corda que
Prendia o barco no ancoradouro

Deixá-lo ir
Ao movimento das ondas e do vento

Arrancar o leme
Jogar fora os remos
E a bússola afogar

Outros
Fizeram o mesmo

Todos
Já bem longe
Sem mais poder voltar
Engolidos pelo mar...

Autoria: Luiz Flor dos Santos, pastor na cidade de São Gonçalo do Amarante, Ceará na Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida.

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O IMPRESCÍDÍVEL DA VIDA

Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as, vossas petições pela oração... (Filipenses 4.6).

Para viver
Para sobreviver
Para vencer

Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar
Orai sem cessar

Para viver
Para sobreviver
Para enfim
Vencer

Autoria: Luiz Flor dos Santos, pastor na cidade de São Gonçalo do Amarante, Ceará na Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida.

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SIAMESAS

Corina desejava
Um marido sóbrio
Só um pouco mais de carinho
Só um pouco mais de companhia
Para um sorriso largo

Angelina
Tinha tudo
O que Corina desejava
Mas vivia mofina

É certo o provérbio

A alma farta pisa
O favo de mel

Mas à alma faminta
Todo amargo é doce.


Autoria: Luiz Flor dos Santos, pastor na cidade de São Gonçalo do Amarante, Ceará na Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida.

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O provérbio citado esta inserido no livro bíblico de Provérbios de Salomão capítulo 27.7

Difinições para a Poesia


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“Suprema forma de beleza.”
Mallarmé

“É o pensamento musical”.
Carlyle

“É a ficção retórica posta em música”.
Dante Alighieri

“Criação rítmica da beleza”.
Edgar Allan Poe

“Emoção recolhida tranqüilamente”.
Wordsworth

“O fim da poesia é o belo”.
Álvares de Azevedo

“Poesia é comunicação efetuada por palavras apenas, de um conteúdo psíquico (afetivo-sensorial-conceitual), aceito pelo espírito como um todo, uma síntese”.
Carlos Bousoño

“Poesia é o gênero literário que tem por fim representar o belo por meio da palavra rítmica”.
Augusto Magne

“A poesia revela este mundo: cria outro. A poesia é uma leitura do mundo real e uma criação de um outro mundo, cuja descoberta ocorre na interação texto/leitor/ contexto”. A poesia também é coisa mas é muito pouca coisa: está feita de palavras, uma lufada de ar que não ocupa lugar no espaço. Ao contrário do quadro, o poema não mostra imagens, nem figuras: é um conjuro verbal que provoca no leitor, ou no ouvinte, um fornecedor de imagens mentais. A poesia se ouve com os ouvidos mas se vê com o entendimento. Suas imagens são criaturas anfíbias: são idéias e são formas, são sons e são silêncio. A poesia é fome de realidade.
Octavio Paz

”Aprendi com meu filho de dez anos/ Que a poesia é a descoberta/ Das coisas que nunca vi”.
Oswald de Andrade

“Poesia não é literatura. É arte, mais para o lado da música e das artes plásticas.”
Paulo Leminski

“A poesia se inicia quando se começa a ver o mundo”.
Vicente Gerbasi

“É a memória mágica do país. É nossa poesia e nosso patrimônio perdurável”.
Luis Garcia Morales

“poesia e poema não são a mesma coisa, embora o poema se faça de poesia, do mesmo modo que uma sinfonia se faz de música. A poesia é um tipo de linguagem, o mais poderoso, agradável e permanente tipo de linguagem. Um poema é uma coisa que não atinge propriamente sua finalidade senão quando se completa. Suas partes dependem uma das outras para o seu total efeito”.
L.S. Harris

“A poesia enuncia um outro olhar sobre o real, na medida em que não se apresenta nem como o olhar quotidiano, nem como o olhar científico. Para o poeta o olhar poiético é atual porque está vivo e na órbita da vida tem o seu contexto, o seu itinenário, a sua destinação. Não é um olhar fixo, daqueles que à força de fitarem já nem memso chegam a ver o que está dado imediatamente. É um olhar que inventa, que projeta que rasga o invólucro do ser e manifesta possibilidades que ele encerra e invoca, possibilidades que precisam de nosso concurso para virem a ser. Na sua atualidade, o olhar poiético é um olhar comunicante e solidário que desperta e chama o interlocutor à grande aventura do viver.
José Barata-Moura

“A arte é impasse e indagação. O impasse é fonte de criação. A morte da arte está na fórmula. O que define a falsa arte é a facilidade e o conformismo. Não sou viciado em poesia, não tomo entorpecentes.”
Ferreira Gullar

“É dever do poeta desenvolver em si mesmo o sentido do ritmo. E não decorar métricas alheias”.
Maiacóvski

“A poesia é antes de tudo um modo de lutar contra a linguagem. A linguagem trinca a realidade, que é aquilo que substitui a representação mental. Pode-se fazer poesia por causa do sentido das palavras e entrar numa outra ordem de conceitos. A poesia não significa, ela mostra. (...) A poesia desperta questões de nossa existência”.
Yves Bonnefoy

“Poesia é a arte de excitar a alma”.
Novalis

“Toda verdadeira poesia é uma visão de mundo”.
Thomas Stearns Eliot (T. S. Eliot)

“Poesia são as melhores palavras em sua melhor ordem”.
Samuel Taylor Coleridge

“Poesia é voar fora da asa”.
Manoel de Barros

“Poesia é verdade”.
Goethe

“A poesia, por ser a mais livre das liberdades, é por essência um contrapoder. A poesia é um pacto com a inquietação”.
José Jorge Letria

“Poesia é um caudal que jorra da tal língua materna universal, no qual entra a que vai sendo feita. Por isso, se ela tiver qualidade para tanto, é simultaneamente influenciada e influenciante”.
Natália Correia

“A existência da poesia é essencialmente discutível. Daí retirar-se-ão tentações vizinhas ao orgulho. Sobre este ponto se assemelha mesmo a Deus. A atitude para com ela pode ser a de um surdo, e um cego para com Ele. As conseqüências são insensíveis. Mas o que todos tentam negar, e nós confirmamos a sua existência, converte-se no centro e no símbolo poderoso da nossa razão de ser”.
Paul Valéry

“Toda as literaturas começaram pela poesia. O homem começou cantando seus mitos, celebrando seus heróis, seus guerreiros, embora depois descobrisse outros temas. A poesia era uma paixão, agora, infelizmente está desterrada pela política e pela economia. Essa paixão perdida é uma forma de felicidade, talvez a melhor. É uma coisa tão íntima que não se pode definir porque é um fato complexo. É uma modesta magia verbal; escrever um poema é uma pequena operação mágica, com a imaginação e a inteligência do leitor e também do autor. É tão insegura a poesia, por isso não convém defini-la. A poesia não se escolhe e não é uma profissão. Poesia é a arte de causar emoções através do manejo das palavras. Um verso é uma coisa dita com certa cadência e não há leis para a poesia. É uma arte não menos misteriosa do que a música, talvez seja mais misteriosa.”
Borges

“Só a poesia é linguagem em sua expressividade natural”.
Eudoro de Souza

“A noção de ‘literatura’ é historicamente demarcada, de pertinência limitada no espaço e no tempo: ela se refere à civilização européia, entre os séculos XVII ou XVIII e hoje. Eu a distingo claramente da idéia de poesia, que é para mim a de uma arte da linguagem humana, independente de seus modos de concretização e fundamentada nas estruturas antropológicas mais profundas”.
Paul Zumthor

"Etimologicamente, poesia, do grego “poíesis” significa ato de fazer algo, implica a idéia de ação, de criação. A poesia é a linguagem de conteúdo lírico ou emotivo, escrita em verso (o que geralmente ocorre) ou em prosa".
Hênio Tavares

"a poesia é segurar dentro da água um peixe por cinco segundos".
Rodrigo Madeira

“Forma de criação literária em que se busca uma linguagem auto-referencial, mais condensada do que a da prosa, sujeita a mais nuances de interpretação, e na qual o ritmo, as repetições e os aspectos sensoriais e visuais do texto têm maior importância”.
Braulio Tavares

"(...) quem toma (a poesia) externamente e, obedecendo livremente à impressão de seu ouvido ou de sua vista, classifica de poesia as formas de falar de aparência simétrica, e de prosa as de aparência assimétrica, não anda muito desencaminhado. Eu não saberia recomendar hoje em dia um procedimento mais conveniente que este, empregado há milênios."
Karl Vossler

"A poesia é a arte de comunicar a emoção humana pelo verbo musical".
René Waltz

"A poesia é a expressão natural dos mais violentos modos de emoção pessoal".
J. Middleton Murry

A poesia é o "extravasar espontâneo de poderosos sentimentos".
William Wordsworth

"O texto poético é, pois, aquele em que a função poética se sobrepõe às demais e delas se destaca, sem eliminá-las."
Mário Laranjeira

“A poesia é a música do sentimento; o canto, a música da palavra.”
Montegazza

“A poesia precisa ter quem a entenda e quem a faça; nem sempre os que a entendem a fazem, nem os que a fazem a entendem.”
Júlio Diniz

“A poesia é a pintura dos ouvidos, como a pintura é a poesia dos olhos.”
Lope de Vega

“A poesia é mais profunda e mais filosófica que a história.”
Aristóteles

“A poesia é uma comunicação por intermédio da beleza.”
R. Zorrilla

“A poesia é função de certas almas e não atributo de certas paisagens.”
Alcântara Machado

“A poesia não tem presente: ou é esperança ou saudade.”
Camilo Castelo Branco

“Acho que poesia é emoção.”
Carlos Drummond de Andrade

“A poesia não se entrega a quem a define.”
Mário Quintana

“A poesia acontece quando uma ansiedade encontra uma técnica”.
Lawrence Durrel

“1) poesia é a sistematização de códigos verbais por meio da qual a linguagem escrita (no caso o poema) é transformada em objeto estético para usufruto do leitor hedônico; 2) fazer poesia é ver as coisas como as coisas não são; 3) fazer um poema é estar em conflito com os dedos da mão.”
Francisco Carvalho

“Poesia, segundo o modo de falar comum, quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte; a arte é a poesia, a obra poema, o poeta o artífice.”
Manuel Pires de Almeida

"A poesia é uma arma carregada de futuro."
Gabriel Celaya


Fontes:
"Poesia e Tradução -- O papel e a importância da métrica regular na poesia; a tradução da poesia metrificada" (palestra) - André Carlos Salzano Masini;
Sabedoria – Breve Manual do Usuário (org. Sammis Reachers);
Coquetel Literário (org. Dário Derenzi);
Wikipédia;

E diversos blogs e sites.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ficções Escatológicas



Ficções Escatológicas

Estamos em 2064, Brasília,
11 horas da noite, dentro do bar
Babylonia Centauro

Lá fora
mas estranhamente
aqui dentro também
a Igreja Integralista da Emersão da Luz
tudo domina

Há 36 deles aqui
se embebedando
com cruzes tatuadas
em suas íris

Não bebo, Senhor,
é claro que não bebo
amo-os e detesto-os
e essa contradição
já se me tornou um
mundo
um mundo de pecados
dentro de meu pecado

Sabem o que sou,
não gostam de mim, ouriço anacrônico
em seu caminho

E que se me dá o volume,
o teor, a direção a vilania
o caudal de sua corrente?
Tenho 86 anos e estou contra ela,
e nunca tive medo, Senhor.

Uma morte maior
Ulula no horizonte...

Ontem à noite, na Prússia Austral,
na cidade de Nova Roma III,
os anarcocristãos de Mesmer-Althuser
explodiram
a Torre de Débitos.

E qual o propósito disto,
Senhor? Qual o propósito
destes que são tão loucos e cegos
quanto aqueles a quem combatem?

Jogos de Pranto
é o que todos eles praticam
peixes mortos no
Grande Mar Apostásico...

Explodiram a Colméia de Superfusão
que o Conselho Mundial antes cria
ter sido roubada pela
Jihad Imperial Indonésia
aos coreanos.

Do outro lado do mundo,
a Lótus de Prata de Rangun,
o homem que pacificou a Ásia
e recompôs a camada de ozônio
- ou, como prefiro,
o Anticristo -
selará esta semana o acordo
Com as nações de Israel e Midi-Israel.

Ora vem, Senhor Jesus!


Sammis Reachers

Poesia Evangélica, Veredas Missionárias, Arsenal do Crente, Cidadania Evangélica, Equattoria, Azul Caudal
Colaborando: Confeitaria Cristã, Liricoletivo, União de Blogueiros Evangélicos, Blog dos 30!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Concursos Literários

*


Aos irmãos e poetas interessados em concursos literários, apresentamos hoje a dica de dois sites dedicados totalmente à divulgação de concursos e prêmios literários.

Amados, informem-se e participem. São belas chances de levar a mensagem da Cruz até pessoas não-alcançadas. E você ainda pode ver sua obra reconhecida e publicada, e em alguns casos concorrer mesmo a prêmios financeiros.


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Portões fechados

Senhor
as mãos trêmulas e insistentes
chamam-te Senhor
os portões a pouco se fecharam
chamam-te Senhor
as luzes fracas faltam lume
os olhos antes vacilantes
já não cedem ao sono
chamam-te Senhor
chamam-te depois do grito
o aviso percorreu vielas
esquinas esperando a hora
que cena triste esse desespero
as mãos insistem nos portões
é tarde
os cães incomodados
latidos, ecos,
passos apressados
brados insistentes tentam outra vez
chamam-te Senhor
portões fechados
olhos abertos, marejados
é tarde
e os portões estão fechados

Camilo Borges

domingo, 29 de novembro de 2009

Janela 10/40


Avanço
na direção de quem morre


avanço
com uma contra-cimitarra
de cicios nos beiços


com a sedução
que só o amor constrói

Sammis Reachers


O que você tem feito pelo avanço do Evangelho no mundo?

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

LÁZARO SEM ABRIGO

“Está sozinho preso ao fio
da velha roupa
que espera outra noite, no espaço
imóvel do silêncio”
J. T. Parreira, in “Na rua”

Sozinho, preso ao fio
da velha roupa
à porta da mansão do banqueiro
é um estranho
e só tem de seu o meio degrau
em que está sentado

Sozinho, ulcerado
pelo vento e pela chuva
e lambido pela língua
dos cães
sozinhos
como ele,
espera que noutra noite
numa qualquer
(se não for nesta),
lhe caia da mesa
uma côdea de pão
dentro do espaço
imóvel do silêncio
da fome

Sozinho, intruso
às colunas
que ladeiam a porta
preso por um fio
do velho cobertor
que o banqueiro pisa ao entrar
tem os joelhos cravados na laje
de mármore
da solidão
e os olhos postos no céu
aspergido de estrelas
no seio do pai Abraão

Rui Miguel Duarte
26/11/09

VIESTE NA FRAGILIDADE

Vieste na fragilidade
Palavra eterna, forte, graça e verdade
Feita carne.

Na fragilidade
De que somos carne e sangue
Articulação, osso e medula.

Sem majestade, sem coroa nem manto,
Sem luzes que ladeiem nem cortejos que acompanhem a tua passagem,
Sem a glória do Único Filho que exibisses de ti mesmo.

Uns te anunciaram e te esperavam
Oravam e jejuavam até que viesses,
No templo, no lugar da profecia,
Outros nos cálculos astronómicos, atentos ao rasto dos astros,
E na maturidade das eras denunciando os sinais,
Com anseio de ao estábulo correr e poder te ver
No estábulo do arrabalde, onde outros te não esperavam.

E por dentro da nossa fragilidade te intrometeste,
Açoitado pela dor, por todas as paixões tentado.
Comeste da nossa fome, bebeste da nossa sede,
Conheceste a ardência do prumo do sol e a geada nocturna no deserto,
O rosto sulcado pela tristeza da partida dos que amaste,
Até a lâmina dos amigos que traem, os íntimos,
E a tortura e a enfermidade.

Mas em tudo permaneceste tu mesmo,

Sem nunca te tornares fragilidade,
A não ser essa nossa fragilidade,
Tanto na hora primeira, quando necessitado de agasalho e do peito da mãe,
Como na derradeira, meu Deus, meu Deus, abandonada da misericórdia do Pai.

Aí a nossa fragilidade toda se consumiu e se consumou.
Entendemos então a verdade e a graça
Feitas carne e sangue,
Feitas cada um de nós.
Hoje, dia de Natal, comemoramos o primeiro dia
De eternidade e força,
Em que
Fizeste de nós o que tu és.

Rui Miguel Duarte
Natal de 2005

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Elementos

Trigo, farinha, fermento.
Suor de um povo
renovado pelo pão.
Pão da vida.

Uva, fermento,
cansaço de um povo
renovado pela esperança.
Vinho da vida.

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

sábado, 21 de novembro de 2009

NEGAÇÃO



“«Olha, Pedro», avisou-o Jesus, «não cantará hoje o galo sem que me tenhas negado três vezes»”
Lucas 22,34 A Bíblia para todos, p. 2094


Antes de o galo acordar o sol
antes mesmo de a aurora multiplicar rosas
ouvir-se-á o murmúrio das vozes
no pátio
e ao vento uma palavra não soprada

O coração esconderá a vergonha
lançá-la-á ao crepitar da fogueira
acesa para aquecer corpos
consumir fadigas e tristezas
mas o ardor de um coração culpado
fogo nenhum extingue
antes mais o inflama

O seu rosto será familiar
cuspido e escarrado
alguém o terá visto
o braço direito desse Rei

E ao vento uma palavra não balbuciada

Sentados na roda dos coscuvilheiros,
os olhos mirarão o homem
de fronte suada de desassossego e fuga
As vozes certificarão o que ele preferirá ignorar
terá sido um desses que terão partilhado a mesa com o Galileu
e que tentará então com a aba do manto
manter o anonimato

As vozes darão carne à sombra que ele ansiará
por abandonar numa esquina

Mas fugirá o descanso desse coração incerto
pois ao vento uma palavra NÃO será protestada

E será este protesto quem acordará o galo,
que então se lembrará que será a hora

Outros olhos então pousarão nos seus
os olhos doídos do Mestre
que lhe atravessarão a couraça da alma

E na esquina onde se quis esquecer
será aquela em que se reencontrará
no espelho das lágrimas: ainda que a voz minta
estas só sabem dizer a verdade
e desconhecem a palavra
NÃO

Rui Miguel Duarte
20/11/09


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

AOS PRÓXIMOS

Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lucas 10.27)

Para quem reservamos
O mau humor do inicio do dia e do fim deste?
Para quem reservamos
O descontrole da raiva?
Para quem reservamos
As palavras duras?
Para quem reservamos
O nosso estresse?
Para quem reservamos
A liberdade de dizer o que bem entendemos?

A quem evitamos oferecer
Bom dia?
Boa tarde?
Boa noite?

A quem esquecemos de
Elogiar?
Reconhecer o mérito?
Agradecer?

A quem tratamos com propriedade?

Estranho...
Reservamos tudo isso
Para os próximos.

Autoria: Luiz Flor dos Santos, pastor na cidade de São Gonçalo do Amarante, Ceará na Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida.

CONHEÇA OS BLOGS DO PASTOR LUIZ FLOR:
www.pulpito.blog.terra.com.br
www.poesiadegraca.blogspot.com

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Refúgio


















Refúgio


Menina que tens o olhar
distante do chão,
o que vês lá em cima?
O que te desperta tamanha atenção?

É uma ave de rapina que passa,
uma andorinha,
uma garça,
ou um avião?

Ou será que vês no alto
um refúgio oculto
para escapar deste mundo sem graça,
carcereiro das mentes,
e dos sonhos,
vendedores de ilusões?

Se é isso menina segue,
segue então com o olhar
distante do chão.
Mas segue sempre
porque essa é
a direcção!

Florbela Ribeiro

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

PAZ VERDE

Foto: Araquem Alcântara


Criança amiga do sol,
sozinha no mato,
feita soldado do verde
sob as insígnias dos girassóis...

Corre, vigia, ri,
exulta
(seu corpo é
nau anil alada
por 7.000 asas)
nos campos criados por Cristo.

Sua avó lhe instruiu em todo o Evangelho
e sua imaginação hoje voa, só porque o pastor lhe disse:
"O melhor de Deus ainda está por vir."

Seu sorriso e inocência são uma afronta,
eles bradam ao mundo e seu Satã,
num silêncio de supereloquências:
"Consumam vocês suas ba(le)las e logros.
EU NÃO ESTOU SOB O JUGO DO TEU JOGO."


Corre, criança verde de sol.


Sammis Reachers

domingo, 8 de novembro de 2009

A Capa

Tomaram a minha capa para cobrir
a nudez do império,
para pesar nas mãos o insustentável
Céu;
apanharam o cheiro do meu corpo,
disputaram dado a dado
a pureza do meu pobre linho.

Poema de João Tomaz Parreira

Via A Ovelha Perdida, Poesia Gourmet

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

MEU AMIGO

Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão (Provérbios 17.17).
Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos (João 15.13).

Meu amigo é o mar
Vasto
Cheio de cores
Sempre inspira cuidado
Provedor.

Meu amigo é o vento
Vem de todas as direções
Refrescante
Tem peso.

Meu amigo é uma flor
Deixa sempre um tanto de si em nós
Embeleza
Diz muito em pouco tempo.

Meu amigo é a vida
Sempre desejado
Valor por quem se luta
Para nunca perder.

Meu amigo é um livro
Com ele aprendo sempre
Vislumbro sempre algo novo
Ou recupero o esquecido
Para com ele não se pode ser indiferente.

Meu amigo
É tudo o que há de bom
Em virtudes e intenções.

Autoria: Luiz Flor dos Santos, pastor na cidade de São Gonçalo do Amarante, Ceará na Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida.

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No Éden

"Para aqueles que frequentam o jardim
o mundo está sempre a florescer
Longe de mim diminuir o louvor"

José Tolentino Mendonça, in "Sintra, antiga Estalagem da Raposa"


Aqueles que frequentam o jardim
fazem de cada pétala a sua casa
em cada cor reflectem as luzes da cidade
em cada olor se lavam da poeira das estradas.

A sombra das árvores é o seu deleite.
Se se sentam nos bancos, é para que
os ouvidos fiquem atentos
ao salmo dos pássaros
e do rumor das folhas.

No jardim o tempo não tem fronteiras,
não há sebes,
nele deixa o infinito o seu lastro.

Longe de mim romper
a fina membrana do silêncio
longe de mim permitir que
a perene florescência
do mundo, que para eles é o jardim,
deixe de entoar o devido salmo do louvor.

1/11/09

Publicado como inédito em Poeta Salutor

Salmo 23
















Salmo 23

Porque o Senhor é o meu Pastor, de nada sinto falta.
Ele me conduz
aos seus campos verdes de descanso, o meu sorriso
se vê no espelho plácido das suas águas.

A minha alma se conforta, e por sua graça
me conduz pelas veredas da justiça.
Nada recearei, ainda que sobre mim
se abatam densas trevas,
a tua presença e o teu auxílio me consolam

Entre mim e meus inimigos, a mesa
da abundância, abrigo diante da cara fechada
dos adversários, sobre mim derramas o teu perfume
como ave de muitas cores
Bandeiras de misericórdia e perdão
hão-de escoltar a minha existência,
sempre Contigo
.

Florbela Ribeiro
(com a colaboração de JTP)

Celebra Saudade

No peito bate a saudade,
lembrança viva na alma.
Palavra que alimenta,
nos dá paz, nos acalma.

Os gestos estão vivos
no nosso coração.
Seu olhar sempre firme
carregado de emoção.

Nesta hora celebramos
como o Senhor fazia:
reunidos como povo,
celebramos: Eucaristia.

Pão: corpo.
Vinho: sangue.
Lembramos sua vida,
lembramos sua cruz.
É bom estar à mesa,
contigo Senhor Jesus.

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

sábado, 31 de outubro de 2009

31 de outubro

Pelos que sempre amaram o Evangelho
e o trouxeram até nós.
Pelo amor às Escrituras Sagradas,
por não calarem da alma a voz.

Pela graça infinita
que de graça nos abraça.
Pelo amor que se derrama
que o tempo não apaga.

Por cada homem e mulher
que, em real devoção,
dobraram seus joelhos,
não calaram o coração.

Graças te damos ó Deus
pela fé e compreensão
de que és real e sentido,
não apenas por emoção.

Graças te damos ó Deus
pela consciência sempre viva,
que não importa a época
mantêm nossa fé consciente e ativa.

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

No encalço de um sonho
















No encalço de um sonho

Percorro a essência da vida
Como quem percorre uma estrada,
Um caminho,
Ou uma calçada,
Toda ladeada de flores de rosmaninho.

Danço como as folhas
Sopradas pelo vento.

Dou largas à imaginação,
E ao pensamento.

Viajo nas asas de um sonho
Pleno de realidade
E vou-me daqui,
Para perto de Ti.

Florbela Ribeiro

Ceia

Colher o trigo,
fazer do trigo farinha.
Tirar do trigo a força do pão.
Fortalecer-se com o pão.

Colher a uva,
separar do cacho toda uva.
Tirar da uva o vigor do vinho
Fortalecer-se com o vinho

Assentar-se à mesa.
Farta-se da ceia na mesa.
Eucaristia, santa comunhão.
Tomemos o vinho e o pão.

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Por que temes?

Tela: Night - after Millet, de Van Gogh


Por que temes o mal? Ele é inevitável.
Desprezas o bem que bate á tua porta,
Espantas o amor que, paciente, espera
Que então atendas a uma só palavra.

Por que temes o bem? Achas insustentável
Que a paz não te deixe nem por um momento?
Amas a tua dor, desejas sofrimento,
Buscas o tormento e assim te julgas bom.

Não temes o flagelo das horas perdidas,
Todas as mentiras que animam teu medo.
Guardas teus segredos como vãos tesouros,
Escórias do ouro, tolo proceder.
Quem és tu que temes a própria verdade,
Expulsa dos teus dias tão em esperança?
Quem te fez escravo desta insanidade,
Qual merecedor dos males deste mundo?

Não será a dor o que te justifica,
Não será o medo o que tanto te humilha,
Nem a solidão a razão do teu pranto,
Nem obsessão a tua armadilha.
Tu mesmo armaste a rede aos teus passos,
Pássaro cruel que mutilou tuas asas
Para não poderes voar até os montes
De onde se vislumbra tão de perto o céu.

O céu que rejeitas jamais te feriu,
E as nuvens que vês são para o teu deleite,
Mas em tua loucura não crês que te aceite
O Senhor que te criou e te deu vida.
Não contemples mais a tua vã ferida,
Recebe o bálsamo, está á tua mão.
Ele te estende a destra e o auxílio,
Com amor te chama, e com compaixão.

Temerás também Sua misericórdia?
Te esconderás na tua vaidade?
Ou enfim darás a chance à verdade
De te transformares de algoz em redimido?

Espero que não temas te veres perdido,
Porque, afinal, por Deus tu foste achado,
Fraco, desprezado, inútil, oprimido,
Um trapo de gente, alguém sem serventia.


Mas quem O conhece como Deus de amor
Enfim se percebe que nasce de novo,
Que não mais importa tudo que passou,
Que é envolvente a paz que te domina.
Temerás então deixar Sua palavra,
Te recolherás aos braços do Pastor,
E esquecerás que um dia foste nada,
E hoje és para sempre alvo do Seu amor.

Marco di Silvanni

Via http://portodopoente.blogspot.com/

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Dois poemas de Florbela Ribeiro

Alma azul

Refresco a minha alma
No silêncio calmo
Do entardecer perfumado
E enfeito-a com
Pinceladas de azul
E andorinhas de papel.
Enquanto Tu
Que do alto me miras
E olhas por mim,
Vens e restauras
Suavemente
Aquela doce paz
Que por breves instantes
Me abandonou.


Indagar

Não estou presente
Nem ausente
Apenas quieta
Para indagar a voz
Que ecoa por entre
Os silêncios.
E assim perceber
Claramente
O que Ele
Pretende de mim.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

ECCE POIEMA

Anunciação do anjo a Zacarias (ícone russo)


"Mas como não acreditaste no que te disse, vais ficar mudo, sem poder falar, até ao dia em que isso acontecer, pois tudo se realizará no tempo devido.”
Evangelho de Lucas 1:20 (versão A Bíblia para todos, p. 2044)


Para mãos que trabalham
sem uma língua treinada
o silêncio pode ser de ouro
ou de chumbo maciço

Porém, esse silêncio ainda fala
ainda está cheio de poemas, cânticos
confessa apreensões ou revela sonhos
da dentro da linfa, das cavidades do osso

Voz que duvida, que fala do que não sabe
que com as mãos se queda a queimar incenso
a vigiar que a chama da menorah perene arda
a oferecer os pães

que escreve febril o que o silêncio apenas sussurr
ao que a voz na laringe emudece

Que te diz e conta, Zacarias, a voz que te secou?
Voz que guarda e
burila a sabedoria
que decanta os segredos
confiados pelo anjo do Senhor
esculpidos no ventre da tua mulher
afinados em outra voz, a que clamará no deserto

Mas quanto melhor
não é,
como numa salva de prata uma maçã de ouro servida
é a voz irrompendo
finalmente instruída e madura
que fala
e canta os altos louvores do Senhor!

22/10/09

Originalmente publicado em Papéis na gaveta, por gentileza do poeta J. T. Parreira

Pois os céus são os céus do Senhor

Obra de Beatriz Milhazes, fotografada no Museu
de Arte Contemporânea de Niterói - Uso liberado

Mais imagens livres em


deito-me do alto da serpente,
qual quem tange a cítara do sol
dedilho as sensações
da queda

entôo salmos, em alumbramento
finco minhas mãos
à Mão da Rocha

caio célere olhos destros centrados
nos sinistros e furibundos olhos da sErpeNtE
que os atém ao alto, amaldiçoando
em língua bífida
o milagre que me permite
à morte em seu dorso

d e b a n d a r

olha o céu que a esmigalha por dentro
odiosa desta sutil estranha maravilha
que me faz cair para cima

ao longe vejo O Calcanhar
ainda pisar-lhe a cabeça,
eu municiado com o sorriso em
lâminas de luzes
que Cristo plantou em meu rosto,


rosa voltaica que a horroriza.


Sammis Reachers

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CONVITE

Contudo não quereis vir a mim para terdes vida (João 5.39)

Francisco Luiz Flor dos Santos
Com Vida.
Valdélia Pereira dos Santos
Com Vida.
Francisco Luiz Flor dos Santos Junior
Com Vida.
Luiz Marcos Flor dos Santos
Com Vida.
Luiz Miguel Flor dos Santos
Com Vida.
Joaquim José Vieira
Com Vida.
Lourdes Vieira
Com Vida.
Jesus de Nazaré Salvador do mundo
Convida: Não quereis vir a mim para
Terdes vida?

Autoria: Luiz Flor dos Santos, pastor na cidade de São Gonçalo do Amarante, Ceará na Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida.

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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Olhar os lírios do campo


Aqui nos lírios do campo
e quanto campo, ondula
o vento às cores, um mar
inquieto, um mar
dentro da terra

De cá para lá, vai vem
de caules e corolas

Aqui estarão meus olhos
lavrando
como um barco.


J.T.Parreira

domingo, 18 de outubro de 2009

FERIDA


FERIDA

“Espera-O uma coroa de espinhos
Para secar o sangue sobre a fronte, espera-o
a fome de um chicote
que as costas lhe há-de devorar”
J. T. Parreira, “No Jardim do Gêtsemani”

A fome batia uma litania
vai e vem sobre o dorso como tambor

O látego batia em sintonia
com a contagem ritmada
da voz do decurião
uma, duas, três, até quarenta
e com os gritos
de dor do condenado

E latejava as nossas cabeças
dentro de cada dentada das fauces
do chicote estampido vai e vem

Acirrámos os dentes
em aprovação do castigo
e dos gritos do condenado
as costas devoradas
as gotas de sangue salientes
eram o nosso prazer e satírico canto

Mas não deixávamos de pensar
que a obra do carrasco
devia ficar na discrição
recôndita duma caserna romana
longe da vista e do coração
e ensaiámos apartar o olhar
desviá-lo do esbatimento do seu rosto
em busca da geometria da dança
de um bando de pássaros que por ali voasse
ou admirar as coríntias colunatas do pátio
onde decorria o evento

Mais tarde esperava-o uma coroa
sobre a cabeça de espinhos
para o sangue na fronte lhe secar

E escorria das nossas cabeças

E depois ainda
esperava-o ser fixado na cruz
poucos de nós ficaram para ver
preferimos meter-nos pelas cruzes das ruas
pés apressados para o recolhimento e a piedade
pois esperava-nos a Peschah em casa
ao lume do assado do cordeiro,
o único a quem hoje se devia secar o sangue

Mas o vai e vem do flagelo batia em nós
e a voz de comando do decurião e os gritos de dor
o sangue porfiava em correr de nós
como mulheres nos dias da impureza
os panos não o estancavam
banhámo-nos mas a água
solidária tingia-se de escarlate

O chicote a coroa a voz do decurião e o sangue éramos nós
o que tínhamos nós com esse contumaz blasfemo
de rosto deformado condenado?

Caímos no chão

Éramos nós os condenados
de costas devoradas e frontes sangradas
à beira do vale onde a morte se dissimula de sombra

Por fim acordámos

Esse sangue
penetrava-nos até aos corações
e corria agora neles
lavados

Rui Miguel Duarte 17/10/09

originalmente publicado em Papéis na gaveta

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Silêncio

Feche os olhos.
Tente ouvir a voz,
voz do silêncio.

Silêncio.
Ele fala mais,
muito mais
que qualquer som,
que qualquer música.

Silêncio.
Voz de Deus,
do coração dele,
para a nossa alma.

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

PASSOS


Provérbios 20:24 “os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; o homem, pois, como entenderá o seu caminho?”

nem sempre sou confortado pela vara e pelo cajado
olho em redor
em vão
não estás.

o pastor toca com a vara e empurra a ovelha
gentilmente
na direcção que ele requer
assim me guias ou guiavas,
ou pensava que me guiavas
mas deixei de ver
a brilhar nas sombras
ou descansando sob uma árvore
enquanto eu me regalava no verde

mas o pastor nem sempre está
as nuvens negras cobrem-no
com o aguaceiro e a trovoada
certamente não virá
a buscar a ovelha perdida
e só

a apreensão engole-me
com dentes e uivo de lobo

até que me lembrei de algo que li:
entenderá o homem o seu caminho?
é o Senhor quem dirige os seus passos
mesmo na ignorância do homem

eis que o pastor
contra a mente turvada da ovelha
dispôs no chão uns marcos umas pedrinhas

regularmente
numa certa direcção
como as contas do colar de Ariadne
ensinam os passos à ovelha
para a liberdade do labirinto
e do vale da sombra do Minotauro

Rui Miguel Duarte
Herserange 13/10/09
publicado igualmente em A Ovelha Perdida e Neaktisis

Podcast

Atendendo ao pedido do Sammis, mas só em partes, estou disponibilizando o link para o meu Podcast, onde declamo poesias deste blog:
Está no ar a Edição #7(out/2009) do meu podcast!

3 GIRASSÓIS

3 poemas inspirados na obra missionária


.








SUDÃO


Abrem-se de par em par
as portas da Igreja-Casa-Coração:
Descalços sobre os seixos,
os 22 sudaneses adentram
ao porto de Cristo,
que é seu e é aquecido.

Ao Gracioso Trono
suas orações evolam-se,
mística circunvolução
que ao fim de seu circuito
lhes concede corações e ossos
encouraçados contra o vil falseio
da heresia e da fome,
das perseguições e mandigas
dos marabus¹...

Fora das portas,
contradizente, estático e célere
o deserto lhes circunda:

Morra doravante o deserto,
deles (hoje, para S E M P R E)
fluem "rios de águas vivas"


¹Lider religioso comum na África islâmica, espécie de 'pai-de-santo'
local, expoente do sincretismo entre o Islã e crenças animistas.

² João 7:38




JAPÃO

Nada de espadas. A Tokarev¹
_______________ _ _Sim sim sim ainda atira
ela há de atirar
___________ _ _As crianças a dívida
e ele já a empunhava, alisava
_________________ _ SUSPEITO DE ALTA TRAIÇÃO __________________________ _cabeçalho dos jornais as crianças
o dedo bicava o gatilho ele já vencia o medo
___________ _ _ Morrer morrer só me resta morrer a ______________________ _ discussão os gritos de Yukio o stress
mas então uma lembrança (de onde vinda?),
_ _os acionistas o ministro todos esperam que eu me mate
uma equação: O bolso + a mão + o toque = um reles(?)
papel


o folheto que aquele canadense lhe dera:

"Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem crê em mim, ainda que esteja morto,

Viverá; e todo aquele que vive e crê em mim

Nunca morrerá. Crês tu isto?"
²

(Um insight, uma arma deposta um libertar)

Pois ele creu.


¹ Pistola russa
²João 11:25,26




.








AFEGANISTÃO


O injil¹
(tão raro por aqui, tão impossível) o injil
seu pai queimou o injil
na sexta seus parentes se reuniram
seu irmão lhe denunciou
o livro, o livro, ele tinha o livro!
O muezim² decidiu pelo castigo a vila o povo
o povo cego surdo mudo o muezim
decidiu o muezim decide o muezim cego guiando
cego

O cortejo cego segue, dá à porta da casa
preparam-se para linchá-lo.
E você se angustia e eu me angustio mas ele...
Com um sorriso de ave e de anjo
(tão raro por aqui, tão impossível),
Mohammad ibn Ali lança-se para fora:

"Eu venci o mundo." ³

¹ O Novo Testamento
²Chefe religioso local, no Islã
³João 16:33

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