Eu lembro-me bem da manhã porque as sombras
ainda não tinham
nascido,
como se eu estivesse para morrer
ou tivesse um desígnio, o sonho
subiu pelas condutas do sono, como todos
até aos olhos por onde desperto foge para sempre.
A noite cheia de anjos,
anjos desceram e subiram ao interior dos céus.
Eu lembro-me bem da dureza da pedra, uma nuvem
debaixo da minha cabeça quando adormeci.
Eu sou um fugitivo para voltar depois
a esta terra onde, por entre as pedras,
das sombras se erguerá a Luz.
Esta terra que terá montes divinos
e vales não de penumbra nem de morte.
24-05-2015
© João Tomaz Parreira