sexta-feira, 29 de junho de 2012

A Casa na Rocha


  
Quando tudo se perder, a rocha
manterá o sorriso azul das portas
das janelas, debruçadas sobre as águas
um espelho, a suavidade do mar
partir-se-á aos nossos pés
sobre a nossa alma mergulhada


A casa será estreita, as paredes brancas
retêm o perfume das manhãs
a casa resguarda-se
das ondas, aguardam os barcos serenos
o meu corpo em viagem
para qualquer lado.


28/6/2012
© J.T.Parreira

terça-feira, 26 de junho de 2012

Para Sempre Esparta



Prostro-me na posição cerimonial:
Minhas curtas espadas
Sobre a envergadura de minhas costas
Traçam um ‘X’
Meus olhos
Treinados para albergar águias
Dentro de si
Contemplam a um tempo
O sol e o rio Eurotas
Que foram criados pelo Deus desconhecido

No fundo da cela de meu coração
Contemplo o cadáver do meu medo
Executado no campo de honra,
Desfeito em si, implodido,
Meu medo nulificado no Agogê

Verto ânforas de hidromel
Nos rios do Hades,
E deito junto as cabeças de pedra
Dos falsos deuses,
E tudo o que me fraqueja e falseia e futiliza
Mesmo desgarrado da alcateia e cercado,
Que importa? Sou filho dos filhos de Hércules,
Sustento com virulência a guerra
Pois onde eu pisar
Pisa Esparta
Não importa a extensão da mutilação e a largura do talho;
Enquanto ainda pulsar o coração
Combato, combate Esparta
Se morro, Esparta se eterniza
Pelo rastro de minha lança
Pois respiro e quando expirar
Expirarei
Pela coletividade Esparta

Ombreio meus irmãos de fúria e sangue e liça,
A manopla da Diarquia, da Cidade de Dois Reis
Juntos traçamos um perímetro intransponível,
Consubstanciamo-nos num uno-mega-coração
Que não pode ser traspassado
E avançamos e avançamos como um sol
                     ... ... ...

Oh a mais perfeita das imperfeitas
Paráfrases do Cristianismo que há de vir!
Demo-nos as mãos calejadas, espartanos
Sejamos o ápice
De tudo o que o homem é
Até o advento da Nova Esparta,
A do Amor e das estranhas armas,
A do Deus desconhecido,
Eterna Jerusalém que traspassará a eternidade.


Sammis Reachers

quinta-feira, 7 de junho de 2012

OS CÃES DA TERNURA




Um homem em quem o nome
é uma chaga
Lázaro, depois dos cães da ternura
lhe lamberem as feridas
Sentado diante de uma porta
fechada, diante de olhos fechados
para as dádivas do pão inteiro
nenhum amor, só migalhas
nenhum outro amor, senão dos cães
da ternura
temos um homem no qual o nome
cai como uma chaga
Lázaro
sentado na sombra do seu corpo
uma sombra lassa, Lázaro
crava o seu silêncio
nos olhos de quem passa.


4/6/2012

© J.T.Parreira

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sobre Meninos e Lobos


DARKNESS: Enabled for all players


I.
A Escuridão propõe
a Escuridão dispõe
a Escuridão é a mão
estendida convidando pra dança

A Escuridão ama os garotinhos,
são o seu alimento
ela os atrai
com a sua coleção de Espadas
ou com uma droga alotrópica e rara
(que suas glândulas secretam):

O AMOR.

Sim, são armas realmente terríveis.
E isto tudo é muito terrível.


II.
A Escuridão propõe-nos agora jogos heróicos
e incita a que esta noite todos
brinquemos de guerrilheiros:
saco o embrulho negro
e desvelo minha adaga
que brilha sob o luar como
uma asa de águia sob o sol.

Sorri a Escuridão
e seu semblante preenche-se
de lenta anelante ternura,
como a das mães.

Que importa onde nasce a lua?
Importa que brilhe
e seja um sol para os lobos,
os cães e os apunhalados
meninos que sobreviveram,
e vagam como surda nau.


(Entidade-Éden, Anti-Adão,
Jesus-Rei-e-Deus-meu,
reverta a funeralização de
meus processos,
a desarmonia em meus ossos:
Resgata-me do laço de Thanatos.)


*ESCURIDÃO: Habilitada para todos os jogadores.
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