quinta-feira, 6 de março de 2014

CONCLUSÃO

“É tempo de concluir; já tudo foi dito.”
Eclesiastes 12.4

De tudo isto a conclusão é: o sol brilha
e não deixa vivalma isenta de meio-dia
a noite consome-nos quando faz assobiar os gonzos
por trás de nós, por trás da memória

a areia devora-nos o rosto, é uma mó
que de tanto moer grão seco quebrou

o coração dissolve-se no vento
sem saber o que o leva às alturas
sem saber se há alturas ou apenas vertigem

de tudo isto, dos velhos que são fortes
curvados, do deserto em que não entrámos
que perdemos na ilusão de ser mar mas que entra
por nós dentro, e nos traga as mãos
ao tanto escorrer

de tudo isto a conclusão
é afinal irrefragável:
teme ao Senhor ama os preceitos dum Pai
a eternidade que são
todas as horas da tua vida de homem,
esta é a tua condição, esta é a tua conclusão

Rui Miguel Duarte
06/03/14

sábado, 1 de março de 2014

O QUE NÃO SE DISSE

Disse quase todas
Só uma palavra é que não disse
Mas brilhava-me nos olhos

Disse quase todos
Os pronomes, só um é que não disse
Mas era uma sombra ao meu lado

No silêncio diz-se quase tudo.


28/2/2014


© João Tomaz Parreira
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