sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Eu, Eliphas Levi, bruxo, nigromante



Eu, Eliphas Levi, bruxo, nigromante

A noite vem rolando do ocidente, e presto chegará:
a Escuridão prepara o salão para o grande baile.
Ela me capta a um canto, sorri nefasta,
roga minha ajuda para colocar as guirlandas
e estender a faixa do príncipe aniversariante.
Por que eu?, pergunto, amedrontado
por ter sido visto, mesmo sob minha capa
de invisibilidade. Porque você está disponível,
ela responde.
Porque você busca saber o que está por trás do pó,
e cisma, e escava o solo e o seu coração.
Porque você me observa de cima a baixo.
E acha que talvez eu possa lhe dar as respostas
que Ele guardou de ti.
Posso te dar todas as respostas,
e saciar tua sede de Fausto; posso revelar-te
todos os segredos do Universo
e minhas respostas perfeitas
serão mentiras como o Universo é uma mentira,
tecida em partículas e ondas.

Então eu entendo tudo; ela tinha desde sempre
 meu coração em sua caixa.
Fujo correndo e choro e não quero parar de correr,
não quero acreditar que ela media-me enquanto eu a media,
não quero suportar que ela possuía-me.

O galo canta uma terceira vez.

Sammis Reachers

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Palavras-chave

PALAVRAS-CHAVE


Deus amou o mundo
de tal maneira
que deu seu filho unigênito,

Seu filho,
o sangue derramado
sobre ruas e cidades do passado.


Ele é a luz no fim do túnel
seu filho,
 deixa as minhas palavras no escuro
e atravessa todas as janelas

Quando penso
Que vou me embora sozinha
seu filho  sopra
Um   uivo  triste sobre os canaviais. 

Seu filho viu, oh Pai
umas meninas vestidas de preto
a descascar batatas na casa de Dona Dinha
Para  a festa do Dia do arrependimento.
 
Seu filho,
Deus entregou-O ao mundo.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

SALMO 2(01)3

Há sempre palavras
rápidas pássaros rubros
no dorso da lã que nos dizem
nos intervalos da passagem de ano
no transbordo para águas
à beira do descanso

que o Senhor nosso pastor
baixa atrás de nós a vara
e diante de nós o seu cajado
palavras que rasgam
aquém do limiar prados verdejantes
que os nossos passos banham para além

palavras de duas caras, uma que se fecha
outra que se abre sempre fresca
e opulenta de vinho azeite e mel

Rui Miguel Duarte
1/01/13
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