Há um baú de tesouro
repleto e palpitante de mistérios
inefáveis depositados por Deus,
como a terra úbere de minérios,
os próprios anjos dele se surpreendem
reclinados na indagação
de novo vento que lhes enfune as asas
e nos lábios lhes cante nova canção
não é de madeira preciosa
nem engastado de diamante
é dotado de riso e choro
de canto doce e troante
esse tesouro é a mente
incendiada e tenra do profeta
apurada para a interpretação de Deus
trasladada em voz de pastor, rei ou poeta
desse tesouro não retira o profeta
um gemido em estado bruto inexprimível
em língua celeste inaudita
mas palavra de homem inteligível
ao tempo e ao entendimento da assembleia
conforto coragem leme e lema para o povo
assim dita e pronunciada é como na árvore
nascente a pujança de um renovo
20/12/09
Rui Miguel Duarte
Publicado ineditamente em Papéis na Gaveta
Nenhum comentário:
Postar um comentário