sábado, 29 de dezembro de 2018

UM NOVO MAGNIFICAT

O Espírito do Senhor tem asas por cima da Terra
procura entranhas e sangue
para acolher o seu Reino, o lugar 
onde o seu Filho fará entrar na história
dos homens, um ventre de uma jovem
filha da pobreza e do anonimato.
O Espírito do Senhor paira
sobre os estábulos
não é na cidade que achará
o coração da humildade, não
o sentado no trono dos poderosos,
mas o que entenda a língua das estrelas,
tão brancas como as neves,
que ser brancas é tudo o que são.
Para que precisa seria mais ciência
para além da resposta vitralícia,
um Magnifique a minha alma o Senhor?
Rui Miguel Duarte
24/12/18

domingo, 9 de dezembro de 2018

O que é afinal a poesia? Livro gratuito reúne 500 definições sobre o tema



   Além de poeta, esse mal menor, tenho há mais de uma década sido editor de poesia. Ao longo do tempo, vez por outra fui indagado por poetas, sejam iniciados, iniciantes e outros que sequer deram o primeiro verso, mas, temerosos, soltavam questionamentos em busca de rumos e indicações que lhes permitissem o ingresso nessa Pasárgada Total que é a Poesia:

O que é a poesia? O poema? E o poeta?

        Um dos motes para a realização desta antologia de citações é esse: Ofertar, num golpe único, algumas das melhores definições e reflexões sobre o que é a poesia e o poema, o poeta e o fazer poético. Assim poetas, o almirantado, mas também marujos vários: críticos, filósofos, santos e bunda-lêlês aqui estão vaticinando suas assertivas, algumas delas realmente extraordinárias, é preciso dizer. E ainda descemos aos últimos porões do léxico: São 17 os dicionários consultados pelo verbete poesia.
        Um livro de graça. O trigésimo? Após quase vinte antologias poéticas, uma (meta)antologia em prosa sobre a poesia em si, em dó, em lá de bem dalém do Bojador. Sim. Mais uma estrofe quixotesca de meu trabalho de pichador de muros e promotor literário, editor e antologista  de poesia primeiramente. Sei que essa faina frágil, robinhoodiana de piratear sintagmas no Mar dos Ingratos há de me render um dia não a forca mas homenagem  uma estátua, construto de fumaça, na mais imaginarinútil de todas as ilhas do Atol de Utopia. Que seja. Queimo minha nau pelo prazer da ardência e o torpor da fumaça: sou um multiplicador de embriagados. Apesar da ingratidão dos homens e das musas, tudo que sei é esse navegar. Nunca prestei pra mais nada na vida, e para essa ardência em águas me conservou o Deus.
        Bem-vindo a bordo da nau incendiada, marujo. Queime seus pés no tombadilho ardente, produza ar quente para insuflar o que restam das velas e o que você tenha de asas. E encontre, ao tombar o horizonte, aquilo que busca.

Sammis Reachers 

PARA BAIXAR O LIVRO (FORMATO PDF) PELO GOOGLE DRIVE, CLIQUE AQUI.

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domingo, 24 de junho de 2018

A DÚVIDA




( Pilar do Claustro do Mosteiro de Santo Domingo, Burgos. A cena representa a dúvida do apóstolo Tomé após a ressurreição de Cristo.)



O meu corpo aceita todas as dúvidas, o meu sangue

Que foi um tecido líquido que cobriu as minhas feridas

De novo entre vós com o sinal dos cravos, metei o dedo

No lugar onde os pregos entraram até ao amago

Dos homens, escutai o meu coração

É um botão da flor do meu amor perfeito por vós

Se vos perdesse, doíam mais as minhas feridas

As dores da cruz são agora a minha maior alegria.



23/06/2018

© João Tomaz Parreira 

terça-feira, 22 de maio de 2018

AS PREGAS


“se eu tão-somente tocar na borda do seu manto, sararei”
Ev. Mateus 9:21


O meu manto tem muitas pregas
uma para deter o teu sangue,
que na torrente com que jorra
lava de ti gota a gota as cores
e os músculos do coração
outra guarda as lágrimas
que a dor, ao castigar
a tua persistente negação
sem uma vara a que se amparar,
te deixou como tristíssimo refrigério
há uma outra para dilatar o som
dos teus clamores e fazê-los voar
por sobre os montes, em busca
do socorro, até quem a ele será sensível,
até quem a ele atenderá
assim nos céus como na terra
há uma prega no meu manto
que é uma tenda para dormires
os teus Invernos, ela é o calor
da casa, o lume fluido
dos serões em festa na família,
enquanto o frio vai caindo lá fora
se me tocares nesta prega
limparás a vergonha, não mais poderão
continuar a dizer que és aquela
impura que corre sangue
e que tudo mancha à passagem do teu manto
Rui Miguel Duarte
29/04/18
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