domingo, 29 de novembro de 2015

O PAI NOSSO


(O Angelus, Jean-Françoise Millet)


É o começo de uma bela amizade, nenhuma
outra é mais perfeita, sem impaciências
de Quem escuta com o coração.  Não sente o vão orgulho
de ter um reino, um nome sobre todo o nome
a sua vontade é o que Deus sente: Amor
assim na terra como no céu.  Pela sua mão
o pão distribuído na frescura das manhãs
sem esperar nada senão o nosso rosto
voltado para o seu, a nossa alma lavrada
pelo arado da Palavra, a nossa vida
como um fruto dos seus dedos. Ámen.   

29-11-2015

© João Tomaz Parreira


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

REGRESSO A OLISSIPO

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“Heureux qui, comme Ulysse, a fait un beau voyage…”
Joachim du Bellay (1522-1560)

Terá Ulisses visto fumegar a carne assando
subir acima das nuvens que submergiam a visão?
Por onde navegou ele entre Circe a a dormência

das ondas, que o embalavam para um lado e outro?
aspirava rever da aldeia a sombra
da casa que os seus maiores construíram
e cada onda empurrando a balsa

é um tijolo que refaz a memória da casa
do azul incandescente surgem aves
das bandas da ribeira, canto trazem a notícia

da morte das sereias, já não precisa o herói
de segredos de ser amarrado ao mastro
para aprender que o sonho é a realidade

a sabedoria e o amor, que Penélope
já não está encerrada em casa de mãos presas
ao tear, o dorso vergado ao sol

que nasce e se põe em cada dia
já não há sombra nem esperança
eis Olissipo que se eleva da claridade do rio

Rui Miguel Duarte
19/11/2015
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