quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O FIM



O FIM

Naquele Dia
toda a gama dos espectros eletromagnéticos
inverter-se-á;
os sons soarão de revés,
as luzes brilharão ao contrário

quando o Anjo tocar sua grande flauta

a rEaLIdaDe inteira se enrolará
como papiro incendiado, numa
omni-vasta-espiral-big-crunch

o pau-de-arara o garrote a dama-de-ferro o tronco o chicote
nunca nunca nunca mais

Sammis Reachers, no livro Poemas da Guerra de Inverno

domingo, 21 de outubro de 2012

NO DIA EM QUE ME QUISERES



No dia em que me quiseres
carregar através da escuridão
de um dia que deve ser apenas
um segundo
No dia em que a seda em Tuas mãos
me revistam a nudez
dá-me aquele tempo- que sempre
puseste ao meu dispor – de assinar
a última data num poema.
E falaremos no caminho das palavras
que me deres.

20/10/2012
 
© J.T.Parreira

domingo, 14 de outubro de 2012

O PÃO


τὸν ἄρτον ἡμῶν τὸν ἐπιούσιον δὸς ἡμῖν σήμερον
“o pão que provê à nossa subsistência dá-nos hoje”
Evangelho Segundo Mateus 6:11

O pão desce sobre a substância
diária pela neblina fresca desliza
suspendendo o deserto que cresce
em que habitamos
este é o pão, tome o lugar
sobre a mesa antes de o sol nascer
e pouse sobre a essência da fome
dá-no-lo da tua mão
que criou o dia de hoje
dá-no-lo quente e a estalar a côdea dura
das nossas bocas

Rui Miguel Duarte
15/10/12

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

VERBUM TREMENDUM




VERBUM TREMENDUM

“...Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.” Ap 2.17

Irmão cristão, operário da fornalha,
- combata até o fim:
pois no fim Ele terá um novo nome para ti,
um nome oculto como o coração de um sol,
um nome que livro algum dos muitos deste mundo,
ou mesmo sua totalitária soma, comportaria.

Um nome que é secreto e seu, e é todo um Universo,
cujas letras são como berçários de estrelas.

É preciso Eternidade para que se pronuncie tal nome;
no Tempo, a pronúncia de tal termo nunca chegaria
a termo, pois seria infinita.
No Eterno, ele é infinito e ao mesmo tempo infinitesimal,
pequenino, circular como o eterno retorno
de que fala a Filosofia, selado como um Jardim secreto,
Éden feito de signos, melhor, omnisignos.

Já que é-nos impossível conceber tal palavra,
tal Singularidade, a melhor forma de imaginá-la
é como um Anel:
Teu novo nome, irmão, é um memorial
da última, perfeita e eterna Aliança.

Sammis Reachers
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