quinta-feira, 29 de abril de 2010

Missão

Quando a morte foi vencida,
quando o pecado foi derrotado,
quando o medo perdeu sua força,
começou a nossa missão:
Proclamar a vida!
Anunciar a salvação!
Alimentar a esperança!

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Alecrim, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

terça-feira, 27 de abril de 2010

Sobre a tradução

eu tradutor

As substantivas palavras
que lhe tomei por empréstimo
são justo as que lhe emprestei
numa permuta sedutora: transmuta

Nela pulo e danço, me refestelando
no colchão elástico de suas linhas
A rolar com os conectivos,
sacando o melhor verbo
agasalhando-o conforme o tempo
acompanhando-o do melhor assessor

Bebendo eu mesmo do mel dos matizes
Fartando-me do mosto das ironias

Eu sem ele não lançava essas palavras...
Ele sem mim morria mudo, calado
para os ávidos ouvidos de cá,
que sem mim para ele e para elas
não passavam de moucos!

De Fabiano Medeiros (2009)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ide anunciai!

Pelo amor sem fim,
ide e anunciai: Jesus ressuscitou!

Pela esperança que se renova,
ide e anunciai: Jesus ressuscitou!

Pelo perdão e misericórdia,
ide e anunciai: Jesus ressuscitou!

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Alecrim, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

Sobre os filhos

criação

agora sei os filhos
como cartas
lançados no prazer da mesa
retirados à pilha cega

a que manobras
nos obrigarão?


De Fabiano Medeiros (2009)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

domingo, 18 de abril de 2010

Cataclisma

  
   na Europa
       
          uma nuvem de cinzas

 em meus olhos
                         
                              na distância

na verdade para encobrí-la                no sol

nos meus olhos
                                       a cobiça

                                   tentação que me desfaz



                cortinas de fumaça


      queime queime queime quântica,
          oh graciosa luz de Cristo!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Festa da vida

É tempo de festejar!
A vida venceu a morte!
É tempo de festejar!
A esperança venceu o medo!
É tempo de festejar!
A salvação venceu o pecado!
É tempo de festejar!
Somos libertos para a festa da vida,
festa do Senhor Jesus!

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Alecrim, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

Os meninos do Planalto


Foto tirada por JTP em 1969, em Angola, Guerra Colonial.

Ocorreu-me nesse dia manter a eternidade
na cara dos meninos, manter o tamanho
das suas cabeças, os seus panos
feridos de África, era o que tinham
um olhar
sem fundo, que mantinham sem sonhar
Os olhos, o ranho, a paz na cara que tinham
e desconheciam
como iriam iluminar a câmara escura
do futuro.

Poema de J.T.Parreira

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sobre a santidade


união

Por sobre a fronte, rente, abaixo
em dorido movimento
visto já na alva a mente que alinhavo
a cada suspiro
com o fôlego de Outro Pulso

pulsante receptáculo-triturador

(agulha afiada em
mãos como espada)

que aguardo usar como
sepulcro das minhas vicissitudes


De Fabiano Medeiros (2009)

O Leitor

Poema de J.T.Parreira

Amava todas as noites até às duas
um livro, entrava-lhe página
a página para os olhos
assim ao longo de anos
até o sono
se pendurar nas pálpebras.

10/4/2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Fale já

A morte não tem mais poder.
Por isso, fale já com ele.
O pecado perdeu sua força.
Por isso, confesse já a ele.
Não há mais condenação,
esta é a hora de pedir a ele,
pedir, sem demora, perdão.

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Alecrim, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

terça-feira, 6 de abril de 2010

ANÁSTASIS — UM POEMA SOBRE A PÁSCOA

Antonio da Coreggio (c. 1534), "Noli me tangere"

ANÁSTASIS (1)

“Vamos ressuscitados, colher flores!”
Miguel Torga, in “Convite”

Madrugada
primeiro dia do sábado (2)
dia de resgatar o jardim
de revelar as pérolas
de dentro do mundo da concha

dia de colheres flores,
Maria Madalena,
e de anunciares aos irmãos,
ainda dormentes
nos seios da noite

que deixem de indagar
o estridor do oceano
no pavilhão dos búzios
e céleres acorram à cripta
que despojada está da sua missão
de para sempre dissimular à vista
a carne rubra da rosa

pois a esperança foi finalmente
engrinaldada

diz-lhes que a pedra rojou
e a sepultura deu rediviva
o que não tinha cadeias para agrilhoar

leva-lhes esta flor
em que a seiva livre de novo corre
diz-lhes que é perene
o seu perfume que à sua cor
até o sol e a lua murcham

diz aos irmãos, a Pedro a João
e aos demais
que o Mestre vive

Rui Miguel Duarte
25/03/10

(1) Ressurreição, em grego.
(2) Tradução literal da expressão hebraica que designava o primeiro dia da semana lunar. O "sabbath" (donde sábado), era o último dia, dedicado ao repouso e refrigério espiritual, físico e emocional e passou a designar por metonímia, na expressão aqui traduzida, todo o ciclo dos sete dias.

Fib-haiku


Simples pertença



teu
eu sou
por sangrento
preço, franco a mim:
não o poderia pagar


De Fabiano Medeiros (2009)

Convite

Ele venceu!

Vinde adorar!
Ele venceu!
Vinde cantar!
Ele venceu!
Vinde confessar!
Ele venceu!
Vinde ouvir!
Ele venceu!
Vinde clamar!
Ele venceu!
Ide proclamar:
Jesus venceu a morte!

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Alecrim, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

domingo, 4 de abril de 2010

F(l/r)ag

 minhas cicatrizes

      são fragmentos

   de minhas quedas



minhas quedas


fragmentos


       da Queda


Sammis Reachers

sábado, 3 de abril de 2010

A Grande Guerra

Deitar tudo fora, espingarda
baioneta, granadas, a faca
dissimulada na cintura.

Despir a farda, ficar ao vento
com o luar pelos ombros,
no cabelo.

Com o mesmo medo,
a mesma nudez da morte.
Seremos apenas homens.

J.T.Parreira

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Confissão

Ele ressuscitou!
Eu posso confessar:
meu pecado,
minha falha,
meu errar.

Ele ressuscitou!
Eu posso confessar,
e assim receber
o perdão
e, enfim, renascer!

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Alecrim, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

Ele ressuscitou!


Poema de graça

Se me quero conhecer, já aprendi
(ou ao menos deveria),
que mais a Ti conheça,
submisso à luz da tua Revelação,
por ela decomposto e reconstruído,
abatido e reerguido,
sentenciado e absolvido,
morto e revivido.

O Verbo que proferes me revela quem sou
e me (re)define,
trazendo luz brilhante e perspectiva precisa,
cortante análise que me deixa sem fala
e me esquadrinha até os ossos.

Mas não é exatamente o que escolho
e prefiro decantar a cada instante,
quando fecho os olhos
para quanto em mim te repele
e prossigo amando o conforto
vago e casual da rebeldia,
aquele punho cerrado da alma
que grita glória a tudo que em mim
respira e pulsa,
glória a minha lei e passe livre
a minha vontade,
salvo-conduto a minha crença vã
na auto-estima,
na justiça própria, na autodependência,
na busca insaciável do prazer pessoal,
na independência arrogante e acintosa
que grita a vitória e a liberdade em relação a ti.

A cada dia…
enquanto tuas misericórdias
se vão renovando a meu favor,
bem diante dos meus olhos…
com a clareza límpida
do mais cristalino ribeiro!

Quero todos os dias fazer de conta que
não te encontrei na estrada da vida,
que tua luz, que foi a meu encontro
e me lançou por terra,
quando eu andava tateando meus limites trôpegos,
não passou de um sonho alucinado,
do qual quero ainda acordar
para um reinado só meu,
no aconchego das minhas trevas.

Pois esqueço sempre quem sou e
quão efêmeros e fugazes meus caminhos,
esqueço sempre que qualquer
sonho mais lindo que eu sonhe ou alimente
não passará de utópica quimera…
mera alucinação,
se à parte dos teus sábios
decretos sempiternos.

E esqueço da Cruz, lugar único de
onde flui justiça e propiciação,
amor e graça,
reconciliação e piedade,
regeneração e humildade,
vida nova e vida eterna,
perspectiva e gratidão.

Gratidão que nem sempre alimento,
e que poderia me transformar
pela força do amor,
ao contemplar que árduo e longo caminho trilhaste por mim…
não só apesar mas também por causa de mim…
Dá que eu volte os olhos à cruz,
não esqueça quem sou e,
mais importante, quem és,
nem gaste meu tempo urdindo a teia
da minha religião furada,
antes te tenha por alicerce único e malha
exclusiva da vida aqui e no porvir.

Em outras palavras, enche meu peito
de paixão por ti e por tua glória,
e dá-me a lucidez que brota
das boas-novas da cruz,
uma lucidez que apruma
o meu mundo e lhe dá o sentido.

E eu seguirei tendo de ser relembrado.
Aliás, como te posso agradecer
por me relembrares hoje mais uma vez?
E por amanhã já teres determinado
teus novos meios de me
centrar em ti, na obra da cruz e
na esperança do evangelho?

Fabiano Medeiros (2006,em Gilbert, AZ)

Quatro haikais da família


haicão

Durante o almoço,
se para e mete sua cara.
Quem sabe um osso?
(Sobre o Kinder: 1 ano.)


colorir

“Pai, vamos pintar?
Quem ganha é o Homem-Aranha.
Não vá rejeitar.”

(Sobre o Iago: 6 anos.)


papo

“Pai, posso contar?
A história não é simplória.
’Cê vai me escutar?”

(Sobre o Caio: 12 anos.)



calendário

Repousa hoje à mesa,
num junho, em cruel testemunho
que o tempo é dureza!



De Fabiano Medeiros (2009)
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...