quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Considerabit Parabellum

© Jindřich Štreit

Sentar-me no banco 023 do Campo de Santana
observar as cutias equilibrando-se sobre duas patas
para roer amêndoas ou um mapa do céu
que algum apressado estudante deixou cair

Pensar em você, Noivinha de Cristo,
escrever o mais lindo poema de amor
de toda uma década, de toda esta
camonicamaleônica língua

Mas não; e se não posso tê-la, que a Literatura
não me possua o poema, que ele morra arquétipo,
abortado em mármore na tumba
das perfeições platônicas.

Os Imperativos Morais, esses radiosos
demônios concebidos na Luz,
a tudo manietam-me,
e dizem
resista soldado
        combata soldado
morra combata resita
combata morra morra

Estou morto, cães de guarda,
sou um de seus santos, sou
uma sua besta de carga.

Teus olhos estelares,
ó Princesa do Planeta Koryander
são a magnum opus de Cristo,
sóis concentrados cujo fogo
queima sem arder
abrasando até as cinzas de cinzas de cinzas
de meu coração,
como quem chama Lázaro para fora...

Gosto de quieto observá-los
como um iogue observa uma mandala
em busca de libertação, de samadhi
ou como um exausto soldado de Cristo
observa todo o esplendor do Fim
deste sistema iníquo de coisas
              que nos separam,

ó grande apocalipse meu.
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