domingo, 22 de janeiro de 2012

Dois poemas da juventude



Equívocos

Perdi o poema que vinha
eu sangrei meu seio

supus primavera na esquina
era algazarra de um tiroteio

e eu lá de sonhos abertos
com os olhos intoxicados e quietos

na solidão central de seu meio


Apologia D'Eu

Eu também
vendo balas
na rua

eu também
finjo não saber nada
disso

eu abro uma guerra
com uma espada
em seu peito

eu fecho a guerra
com um único beijo

minha noite
tem mais lobos

Dois poemas 'recuperados' de antigas edições do Livro da Tribo

Sammis Reachers
 


via http://marocidental.blogspot.com/

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Regressar a Casa ou o Salmo 137

Nos ramos dedilhávamos corações
o desejo do regresso a casa
Escrevíamos sobre a saudade
nas folhas dos salgueiros
com o vento
nas palavras pendurámos nossas harpas
à beira das lágrimas
levadas longe na torrente do Quebar
não temos outras
mas não podíamos ver amanhã
o que chorávamos hoje.

17/1/2012

Inédito de J.T.Parreira


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

DÍPTICO DA ADÚLTERA

"Moisés, na lei, mandou-nos apedrejar tais mulheres até à morte. E tu, que dizes?
Evangelho segundo João 8:5

ELES

dizem que és uma adúltera

dizem que te esqueceste à porta
da chave que te abre a rosa

dizem que a vela descerrou
o mastro
e a ele te vergaste
que embebeste a carne
em leite e mel de estranho

dizem que a redondez dos teus seios
é ofensa para os próprios seixos
que eles emergiam das mãos


EU

dizem que direi eu
eu nada direi, direi
que dizem as bocas do que lhes calam as vozes
direi que neste chão cabe o sangue e o ouro
dir-te-ei, a ti, que te devolvo o que perdeste
ou abandonaste, não importa
o coração isento de pedras
o rosto lavado

guarda-os assim
sem olvidar as lágrimas

Rui Miguel Duarte
10/01/12

domingo, 8 de janeiro de 2012

Mar Ocidental: um novo blog literário, e de quebra os melhores poemas do Século XX



No quase longínquo ano de 2000, o jornal Folha de São Paulo publicou uma lista elaborada por especialistas, listando o que consideravam ser os melhores 100 poemas internacionais do Século XX. Não entraremos aqui no mérito da seleção, mas apresentamos abaixo a referida  lista, como oportuno e robusto roteiro de leitura para todo amante da Poesia.


Mas o título deste post fala primeiro de um novo blog literário. Pois bem, criei a pouco tempo um novo blog, o Mar OcidentalO objetivo deste blog é ser uma espécie de revista de literatura, a enfatizar a Poesia, mas com canal aberto para a prosa e as artes plásticas. Um espaço de publicação dos mestres da arte poética de todos os tempos e quadrantes, e ainda traduções, ensaios, notícias literárias, resenhas de livros, etc. Se o blog Poesia Evangélica atém-se a divulgar e promover especificamente a nossa poesia cristã em suas múltiplas formas, este Mar Ocidental tem um caráter mais secular. Um espaço de enlevo e também de aprendizado, terreno fértil para a lavoura de todos os amantes da Poesia, e todos que exercem e aspiram a exercer melhor a arte poiétika. Vale dizer ainda que este é um blog coletivo, onde colaboram muitos outros autores, como J.T.Parreira e Rui Miguel Duarte.


Ah, voltando à referida lista dos melhores poemas: na medida do possível, irei publicando os poemas listados no blog Mar Ocidental, para deleite dos leitores. Por ora, você pode ler por lá os poemas À Espera dos Bárbaros, de Konstantinos Kaváfis, e o grande A Terra Desolada (The Waste Land), de T.S.Eliot, com razão eleito o melhor poema do século pretérito.


Agora a tal lista:

1º A Terra Desolada (The Waste Land), de T.S. Eliot (1888-1965) – Nascido nos EUA, Eliot se sentia culturalmente ligado à Europa, tendo morado em Londres a maior parte da vida. Além de poeta, foi ensaísta e dramaturgo, tendo recebido o Nobel em 1948. No ano de 1922 publicou este poema-marco da literatura do século, em que constrói uma cerrada rede de referências à tradição literária européia na descrição de um continente devastado por um processo de desagregação que vinha desde o Renascimento.”Poesia”, trad. de Ivati Junqueira, Nova Fronteira.
2º Tabacaria, de Fernando Pessoa (1888-1935), sob o heterônimo de Álvaro de Campos – O poeta português é autor da mais original criação poética deste século, a heteronímia, ou seja, a criação de múltiplas personalidades poéticas com vida pessoal e espiritual própria. Campos é, segundo Pessoa, um engenheiro formado em Glasgow (Inglaterra). Vivendo integralmente os conflitos da modernidade, é o mais inquieto e exaltado dos heterônimos.”Obra Poética”, Nova Aguilar; “Ficções do Interlúdio”, Companhia das Letras. (Poema postado no comentário de nº 19 desta página, pelo leitor Ulisses Ferreira)
3º O Cemitério Marinho (Le Cimetiêre Marin), de Paul Valéry (1871-1945) – Valéry foi grande ensaísta e se via sobretudo como um homem devotado à inteligência. Daí viria sua relação tensa com a poesia que o tomaria um “poeta-não poeta”, na expressão de Augusto de Campos. “Cemitério Marinho” é a prova cabal do acerto de um de seus aforismos, que diz que poema é aquilo que não pode ser resumido.”O Cemitério Marinho”, trad. de Jorge Wanderley, Max Limonad.
4º Velejando para Bizâncio (Sailing to Byzantium), de William Butler Yeats (1865-1939) – O poeta e autor teatral irlandês recebeu o Nobel de 1923. Da plena maturidade são seus poemas mais citados, como este “Velejando para Bizâncio”, no qual a velhice e a morte, confrontadas com a permanência da arte, se vêem transfiguradas num espaço mítico além da vida.”W.B. Yeats – Poemas”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das letras.
5º Hugh Selwin Mauberley, de Erza Pound (1885-1972) – Este poema escrito em 1920 é o trabalho longo de leitura mais fluente do autor, já que é em grande parte escrito em forma mais tradicional e tem um eixo narrativo claro, o dos descaminhos do poeta americano E.P. e de seu duplo britânico, Mauberley, ameaçados de esterilidade artística. ”Poesia”, trad. de Augusto de Campos, Hucitec.
6º Pranto por Ignacio Sánchez Mejías (Llanto por Ignacio Sánchez Mejías), de Federico García Lorca (1899-1936) -Lorca foi tanto o poeta popular do “Romanceiro Gitano” (1928) quanto àquele que se horrorizou, fascinado, diante da metrópole, em ”O Poeta em Nova York”, publicado postumamente em 1940. Foi assassinado aos 38 anos pelos franquistas no início da Guerra Civil Espanhola.”Obra Poética”, trad. de William Agel de Mello, Martins Fontes.
7º Elegias de Duíno (Duineser Elegien), de Rainer Maria Rilke (1875-1926) – Nascido em Praga, levou uma vida aristocrática, patrocinado pela nobreza européia. As ”Elegias de Duíno” emprestam seu nome do castelo próximo a Trieste onde começaram a ser compostas nos anos de 1910-1912. Só foram concluídas mais de dez anos depois.”Elegias de Duíno”, trad. de José Paulo Paes, Companhia das Letras.
 8º À Espera dos Bárbaros, de Konstantinos Kaváfis (1863-1933) – O mais importante poeta grego deste século nasceu em Alexandria, no Egito, e morou na Inglaterra. Em “A Espera dos Bárbaros”, poema ao mesmo tempo político e ontológico, aparece a duração de um espaço em que nada se faz porque os bárbaros atacarão.”Poemas”, trad. de José Paulo Paes, Nova Fronteira. (Poema postado no comentário de nº 06 desta página)
 9º Zona (Zone), de Guillaume Apollinaire (1880-1918) – Poeta francês e patriota, apesar de nascido em Roma, teve uma biografia acidentada, que inclui participação voluntária como soldado na Primeira Guerra. Em “Zona” (1913), Apollinaire elimina a pontuação e cria um ritmo nervoso; abole o que faz um canto de louvor à modernidade.”Alcools”, Gallimard, 34 francos.
10º Mensagem, de Fernando Pessoa (1888-1935) – Pessoa ele mesmo nasceu em Lisboa e passou seus anos de formação na África do Sul. Dos vários livros projetados e até efetivamente escritos por ele, ”Mensagem” (1934) foi o único publicado em vida.”Obra Poética”, Nova Aguilar. ”Mensagem”, Companhia das Letras.
11º A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock (The Love Song of J. Alfred Prufrock), de T.S Eliot (1888-1965) – Publicado pela primeira vez em 1915 numa revista literária de Chicago, abriria o primeiro livro de Eliot, de 1917.”Poesia”, trad. De Ivan Junqueira, Nova Fronteira.
12º Quatro Quartetos, de T.S. Eliot – “Poesia”, trad. de Ivan Junqueira, Nova Fronteira.
 13º Cantos, de Ezra Pound – “Cantos&p;p;ammp;quuot;, trad. de José Lino Grünewald, Nova Fronteira .
14º Em Meu Ofício ou Arte Taciturna, de Dylan Thomas (1914-1955) – Nasceu no País de Gales, trabalhou como repórter. Sua poesia, às vezes de tom religioso, revisita temas como a infância e a morte. “Poemas Reunidos” (1934-1953), trad. de Ivan Junqueira, José Olympio.
15º O Cão sem Plumas, de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) – Quando escreveu este poema, no final da década de 40, Cabral julgou que seria o último. O fluxo das memórias e o do rio Capibaribe se fundem nele para fazer um retrato tenso e novo do Recife. – “O Cão sem Plumas”, Nova Fronteira.
 16º Quarta-Feira de Cinzas de T.S.Eliot, “Poesia”, trad. de Ivan Junqueira, Nova Fronteira.
17º Noite Insular, Jardins Invisíveis, de Lezama Lima (1910-1976) – Poeta cubano, fundador da revista “Verbum”, em 1937. Em 1959, foi nomeado por Fidel Castro diretor do departamento de literatura e publicações do Conselho Nacional de Cultura. E autor do romance ”Paradiso” (1966), lançado no Brasil em 1987. Publicou também os livros de poemas “Morte de Narciso” (1937) e “Inimigo Rumor” (1941).”Poesia Completa”, Alianza Editorial, 3.562 pesetas (Espanha).
18º Campo de Flores, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) – Desde sua estréia, em 1930, com “Alguma Poesia”, Drummond se tornou poeta central para a literatura brasileira. Fechando a segunda seção de “Claro Enigma” (1951), “Campo de Flores” fala do tema do amor na maturidade. – “Claro Enigma”, Record.
19º – Blanco, de Octavio Paz (1914-1998) -Prêmio Nobel de 1990, o mexicano Octavio Paz é o único poeta que tem a mesma dimensão internacional dos ficcionistas latino-americanos. Como poeta, publicou ”Pedra de sol”, que, entre outros temas, revisita sua participação na Guerra Civil Espanhola e a experiência poética múltipla deste ”Blanco”. – ”Transblanco”, trad. de Haroldo de Campos, Siciliano.
20º Leda e o Cisne, de William Butler Yeats – ”Poemas”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das Letras.
21º Jubileu, de Vladímir Maiakóvski (1893-11111930) – Nascido na Geórgia, Maiakóvski foi um entusiasta da Revolução Russa, enfrentando o desafio de escrever uma poesia engajada e ao mesmo tempo inovadora e pessoal por meio da ”linguagem da rua”. Suicidou-se seis anos após escrever ”Jubileu”. – ”Maiakóvski”, trad. de Haroldo de Campos, Perspectiva.
22º Orfeu. Eurídice. Hermes, de Rainer Maria Rilke – ”Rilke: Poesia-Coisa”, trad. de Augusto de Campos, Imago.
23º Esboço de uma Serpente, de Paul Valéry — “Poésies”, Gallimard, 34 francos (França).
24º Manhã, de Giuseppe Ungaretti (1888-19700000) – Na juventude lutou na Primeira Guerra. viveu no Brasil entre 1937 e 1942, tendo sido professor da USP. Obra-prima na captação de um momento num poeta que deseja uma poesia reduzida ao mínimo de palavras, eis todo o poema ”Manhã”, na tradução de Haroldo de Campos: ”Deslumbro-me/ de imenso”. Publicou, entre outros, ”Sentimento do Tempo” (1930), e ”A Dor” (1947).- ”Vita d’ un Uomo – Tutte le Poesie”, Mondadori, 24.00000 liras (Itália).
 25º Os Doze, de Aleksandr Blok (1880-1921) — Filho de intelectuais, Blok é considerado o grande poeta simbolista russo. A partir da fracassada revolução de 1905, sua poesia ganhou um realismo que se vê em ”Os Doze” (1918) e que descreve a marcha de 12 soldados sobre a cidade. – ”Poesia Russa Moderna”, trad. de Boris Schnaiderman e Haroldo de Campos.
26º O Fogo de Cada Dia, de Octavio Paz (1914-1998) – ”Obra Poética (1935-1988)”, Seix Barral, 3.800 pesetas (Espanha).
27º Sutra do Girassol, de Allen Ginsberg (11111926-1997) – Neste poema, Ginsberg fala de si ao laadoo de seu companheiro de geração ”beatnik”, Jack Kerouac (1922-1969). Sua linguagem torrencial, cheia de referências pessoais, da conta do que é típico em Ginsberg, que criou celeuma já com seu livro de estréia, ”Uivo e Outros Poemas” (1956), cujo poema-titulo chegou a ser proibido por obscenidade. – “Uivo, Kaddish e Outros Poemas”, trad. de Cláudio Willer, L&PM.
28º Romanceiro Gitano, de Federico García Lorca – “Obra Poética Completa”, trad. de WiIliam Agel de Mello.
29º Poema do Fim, de Marina Tzvietáieva (1892-1941) – Nome central da moderna poesia russa e européia, colocou-se em sua poesia contra a Revolução Russa e, mais tarde, contra o fascismo. Ao ver o marido ser fuzilado e a filha mandada para um campo de concentração, suicidou-se. – Poemas da autora saíram em ”Poesia Sempre” n. 7, em trad. de Augusto e Haroldo de Campos (Fundação Biblioteca Nacional, fax 0/xx/2l/220-4173).
 30º Ode Marítima, de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa – ”Ficções do Interlúdio”, Companhia das Letras; ”Obra Poética”, Nova Aguilar.
31º A Pantera, de Rainer Maria Rilke – ”Rilke: Poesia-Coisa”, trad. de Augusto de Campos, Imago.
32º As Jovens Parcas, de Paul Valéry – ”Linguaviagem”, trad. de Augusto de Campos, Cia. das Letras.
33º A Torre, de William Butler Yeats – ”The Tower”, Pengum, 3,99 libras (Reino Unido). Uma tradução de Augusto de Campos para o poema foi publicada no Mais! em 14/6/98.
34º Xenia, de Eugenio Montale (1896-1981) – Ganhador do Nobel de 1975, o poeta italiano desejou ser cantor lírico, mas foi impedido pela Primeira Guerra. Sua poesia às vezes se aproxima da prosa, tal o uso que faz de elementos não-poéticos. – ”Poesias”, trad. De Geraldo Holanda Cavalcanti, Record.
35º A Segunda Vinda, de William Butler Yeats – “Poemas”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das Letras.
 36º A Enguia, de Eugenio Montale (1896-19811111) – “Poesias”, trad. de Geraldo Holanda Cavalcanti, Record.
37 De Todas as Obras, de Bertolt Brecht (11111898-1956) – O principal interesse do escritor alemmão foi o teatro, que revolucionou, mas escreveu poesia por toda a vida. – “Poemas – 1913-1956″, trad. de Paulo César Souza, Brasiliense.
38º Cortejo, de Guillaume Apollinaire “Oeuvres Poétiques Complétes”, Gallimard, 290 francos (França).
39º Stretto, de Paul Cela (1920-1970) -Poeta romeno de expressão alemã, Celan chegou a ser preso num campo de concentração. Suicidou-se em Paris. – “Cristal”, trad. de Claudia Cavalcanti, Iluminuras.
 40º brIlha, de e.e. cummings (1894-1962) – OOO lado mais conhecido de sua poesia está nos poemas em que trabalha com a tipografia, decompondo as palavras e introduzindo uma série de sinais, em especial parênteses. – “Poem(a)s”, trad. de Augusto de Campos, Francisco Alves.
41º Trilce, de Cesar Vallejo (1892-1938) – OOO peruano Vallejo teve a marca simbolista típica de sua geração na juventude. Posteriormente, notabilizou-se por sua poesia de cunho social, mas jamais abriu mão do impulso experimental, visível neste “Trilce” (1922). – “Trilce”, Cátedra, 1.142 pesetas (Espanha).
42º Altazor, de Vicente Huidobro (1893-19477777) – Chileno, Huidobro viveu em Paris e Madri. “Altazor” é um longo poema em que se mostra bem, em invenções vocabulares e livres associações, o caráter experimental de sua poesia. – ”Altazor e Outros Poemas”, trad. De Antônio Risério e Paulo César de Souza, ArtEditora.
43º Fragmento, de Miklos Radnoti (1909-1944) – Em seu país, a Hungria, Radnoti é um mártir do Holocausto, já que foi fuzilado pelos nazistas. – Pode ser encontrado em inglês, em ”Foamy Sky – The Major Poems of Miklos Radnoti”, trad. de Frederick Turner e Zsuzsanna Ozsvath, Books on Demand.
44º Dói Demais, de Attila József (1905-19377777) – Húngaro, foi membro do então ilegal Partido Comunista e disse sobre si mesmo ser o poeta do proletariado. Fez de sua mãe, uma lavadeira, símbolo da classe trabalhadora. – Pode ser encontrado em inglês, em ”Winter Night”, trad. de John Batki, Oberlin College Press.
 45º No Túmulo de Christian Rosencreutz, de Fernando Pessoa – ”Obra Poética”, Nova Aguilar.
46º Ode Inacabada à Lama, de Francis Ponge (1899-1988) – Poeta francês que buscou afastar a poesia do eu, aproximando-a dos objetos. O mais conhecido de seus livros é ”O Parti-Pris das Coisas” (1942). – ”Oeuvres Complétes”, Gallimard, 390 francos (França).
 47º O Torso Arcaico de Apoio, de Rainer Maria Rilke – Não há tradução brasileira disponível. (Poema postado no comentário de nº10, por Tejo (tradução de Manuel Bandeira)
48º Os Passos Longínquos, de César Vallejo (1892-1938) – ”Obra Poética Completa”, Alianza, 2.010 pesetas (Espanha).
49º El Hombre, de William Carlos Williams (1883-1963) – O poeta norte-americano foi escritor político, autor de peças, contos e romances, além de poemas. ”Poemas”, trad. de José Paulo Paes, Companhia das Letras.
50º Meus Versos São de Chumbo, de Jaroslav Seifert (1901-1986) – Foi o primeiro autor tcheco a ganhar, em 1984, o Prêmio Nobel. Há outros poemas do autor na antalogia ”Céu Vazio”, trad. De Alksandar Jovanovic, Hucitec.
 51º A Máquina do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade – ”Claro Enigma”, Record.
52º A Ponte, de Hart Crane (1899-1932) – Escrito em 1930, este poema longo em 15 partes é a tentativa de fazer um épico moderno que celebrasse o poder humano de reunir passado e presente. – ”Complete Poems of Hart Crane”, W.W. Norton.
53º Dia de Outono, de R. M. Rilke – ”Poemas”, trad. José Paulo Paes, Companhia das Letras.
54º Treze Maneiras de Olhar para um Melro, de Wallace Stevens (1879-1955) – Um dos mais importantes poetas norte-americanos, sua poesia é numas vezes discursiva, noutras bem concisa. – ”Poemas”, trad. de Paulo Henriques Brito, Companhia das Letras.
55º Domingo de Manhã, de Wallace Stevens – “Poemas”, Companhia das Letras.
56º Sonetos a Orfeu, de R. M. Rilke “Poemas” – Companhia das Letras.
57º Vigília, de Giuseppe Ungaretti – Em “Poesia Alheia”, trad. Nelson Ascher, Imago.
58º Perfil Grego, de Iannis Ritsos (1909-1999990) – Comunista, o poeta grego foi preso pelos nazistas; depois, sua militância política lhe custaria o exílio. Há outros poemas do autor em “Gaveta do Tradutor”, trad. de José Paulo Paes, Letras Contemporâneas.
59º Poema dos Dons, de Jorge Luis Borges (11111899-1986) – O grande autor do “boom” lattinno-americano, o argentino é muito mais lembrado por seus contos do que por sua refinada poesia. – “Obras Completas”, vol. 2, trad. de Josely Vianna Baptista, Globo.
60º O Guardador de Rebanhos, de AIberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa – Segundo Pessoa, Caeiro nasceu em 1889 e era um homem inculto que sempre viveu numa aldeia. E reconhecido como o mestre dos outros heterônimos e do próprio Pessoa. – ”Ficções do Interlúdio”, Companhia das Letras.
61º Nalgum lugar em que nunca estive, de e…..e. cummings (1894-1962) – ”Poem(a)s”, trad. de Augusto de Campos, Francisco Alves.
62º Omeros, de Derek Walcott (1930) – Poeta caribenho de expressão inglesa, ganhador do Nobel em 1992, procura criar uma arte que dê conta da fusão cultural de sua região. – ”Omeros”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das Letras.
63º Degraus, de Hermann Hesse (1877-1962) Autor do romance ”Lobo da Estepe” (1927), como poeta não dispensou um certo sentimentalismo ao explorar temas como a infância, a solidão. Ganhou o Nobel em 1946. – ”Gesammelte Werke”, Suhrkamp, 148 marcos (Alemanha).
64º A Serguei Iessiênin de Vládimir Maiakóvski (1893-1930) – ‘Poemas”, Perspectiva.
65º O Duro Cerne da Beleza, de WiIliam Carlos Williams – “Poemas”, trad. José Paulo Paes, Companhia das Letras.
66º – Sestina: Altaforte, de Ezra Pound “Poesia”, Hucitec.
67º – Argumentum et Silentio, de Celan “Gesammelte Werke – Gedichte”, Suhrkamp, 49,80 marcos (Alemanha).
68º- Encantação pelo Riso, de Vielimir Klebnikov (1885-1922) – Poeta russo considerado o líder do cubo-futurismo. – “Poesia Russa Modema”, Brasiliense.
69 Anabase, de Saint-John Perse (l887-1975) – Pseudônimo do diplomata francês Alexis Léger. Teve sua nacionalidade cassada na Segunda Guerra quando foi viver nos EUA. Só regressou a seu país em 1957. Ganhou o Nobel em 1960. ”Éloges”, Gallimard.
70º Voz a Ti Devida, de Pedro Salinas (1892-1951) – O poeta espanhol notabilizou-se com seus poemas de amor. – ”Voz a Ti Debida”, Losada, 617 pesetas.
71º Réquiem, de Ana Akhmátova (1888-1966) Fundadora do acmeísmo, corrente que se situa entre o simbolismo e o futurismo, a poeta russa foi considerada decadente durante a época do ”realismo socialista”. Sua poesia refinada e melancólica, mostra-se inteira em ”Réquiem”, um conjunto de pequenos poemas escritos entre 1925 e 1930. – ”Réquiem e Outros Poemas”, Art Editora.
72º As Janelas, de Apollinaire – ”Oeuvres Poétiques Complètes” (Gallimard).
73º A Ponte Mirabeau, de Guillaume Apollinaire – “Oeuvres Poétiques Complètes”.
74º Oxford, de W.H. Auden (1907-1973) – O poeta britânico compartilhou com T.S. Eliot o pessimismo sobre o presente, mas não celebrou o passado: sendo homem da esquerda, viu o futuro com os olhos da utopia. Tematizou o amor homossexual e a religião. – ”Poemas”, trad. de José Paulo Paes, Companhia das Letras.
75º Em Memória de Yeats, de W.H. Auden – ”Poemas”, Companhia das Letras.
76º Briggflatts, de Basil Bunting (1900-1985) – E o poeta inglês mais conhecido nos Estados Unidos. Só se projetou em seu país aos 66 anos, com ”Briggflatts”, poema autobiográfico em que procurou explorar os aspectos linguísticos e antropológicos de sua região natal. – ”The Complete Poems”, Oxford University Press, 11,99 libras (Reino Unido).
77º No Centenário de Mondrian, de João Cabral de Melo Neto – ”Obra Poética”, Nova Aguillar.
78º Serpente, de D.H. Lawrence (1885-1930) — O ficcionista, crítico e poeta inglês ficou conhecido por romances como – ”Filhos e Amantes” (1913) e ”O Amante Lady Chatterley” (1928), processado como pornográfico. A divulgação de sua melhor poesia se fez postumamente. – ”The Complete Poems”, Penguim.
79º Áporo, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) – ”A Rosa do Povo”, Record.
80º Dizer Tudo, de Paul Éluard (1895-1952) — Na adolescência, o francês Éluard teve tuberculose e foi companheiro de tratamento e de leitura de poesia do brasileiro Manuel Bandeira num sanatório na Suíça. Foi um dos grandes mestres do surrealismo. – ”Oeuvres Complètes 1913-1953″ (2 vols.), Gallimard, 700 francos (França).
81º Liberdade, de Paul Éluard (1895-1952) – Em ”Gaveta do Tradutor”, trad. de José Paulo Paes, Ed. Letras Contemporâneas.
82º Morte sem Fim, de José Gorostiza (1901-1973) – O poeta mexicano preferiu, de maneira geral, o poema curto, mas este ”Morte sem Fim” (1931) é um texto longo em que reaparecem as grandes essências que ele mesmo definiu como suas prediletas amor, morte, Deus. – ”Poesia Completa”, Fondo de Cultura Economica, 2.284 pesetas (Espanha).
83º Romance Sonâmbulo, de Federico García Lorca – ”Obra Poética Completa”, Martins Fontes.
84º Pedra de Sol, de Octavio Paz – ”Pedra de Sol”, Guanabara 
85º Autopsicografia de Fernando. Pessoa – ”Obra Poética”, Nova Aguilar.
86º Os Cisnes Selvagens de Coole, de William Butler Yeats – ”Poemas”, Companhia das Letras.
87º Canção do Mal-Amado, de Guillaume Apolinaire – ”Oeuvres Poétiques Complètes” (Gallimard).
88º Sobre a Poesia Moderna, Wallace Stevens – ”Poemas”, Companhia das Letras.
89º Sobre o Pobre BB, de Bertold Bretcht – Em ”Poesia Alheia”, trad. De Nelson Ascher, Imago.
90º Tristia, de Óssip Mandeistam (1891-1938) – Nasceu em Varsóvia e, muito jovem, esteve em Paris, aproximando-se do simbolismo francês. Mais tarde, tornou-se participante de destaque do acmeísmo.Há outro poema do autor na revista ”Poesia Sempre” nº 7, abril/99, trad. de Haroldo de Campos (Fundação Biblioteca Nacional, fax 0/xx/211220-4173).
91º Miniatura Medieval, de Wislawa Szymbosrka (1923) – A escritora polonesa ganhou o Prêmio Nobbel de 1996. Estreou em 1952 com ”Por Isso Vivemos” e pertence a uma rica geração de artistas poloneses, entre os quais se inclui o cineasta Andrzej Wajda. – Há outros poema do autora em ”Poesia Alheia” (Imago) e na antologia ”Céu Vazio” (Hucitec).
92º Fuga sobre a Morte, de Paul Celan ”Cristal”, trad. de Claudia Cavalcanti, Iluminuras.
93º Ode ao Rei do Harlem, de Federico García Lorca – ”Obra Poética Completa”. M. Fontes.
94º Dispersão, de Mário de Sá-Carneiro (18999990-1916) – Apesar de ter se suicidado com apenas 26 anos, pôde escrever o suficiente para ser o principal autor português do início do século, ao lado de Fernando Pessoa.”Poesia”, Iluminuras. – “Obra Poética”, Nova Aguilar.
 95º Os Peixes, de Marianne Moore (1887-1972) – Norte-Americana, foi professora universitária. Virtuose da versificação, trabalhou com a decomposição dos versos e da sintaxe. – “Poemas”, trad. de José Antonio Arantes, Companhia das Letras. 
 96º Provérbios e Cantares, de Antonio Machado (1876-1939) – Nascido em Sevilha, passou seus anos de formação em Madri. A extrema simplicidade formal da poesia de Machado esconde, porém, uma grande complexidade. – “Poesias Completas”, Espasa Calpe, 1.005 pesetas (Fspanha).
 97º As Ratazanas, de Georg Traki (1887-1914) – O austríaco foi um expressionista que enlouqueceu com os horrores da Primeira Guerra, na qual serviu como enfermeiro. – “Poemas à Noite”, trad. de Marco Lucchesi, Topbooks. 
 98º A Outra Tradição, de Josh Ashberry (1927) – Poeta americano que pertenceu à chamada Escola de Nova York. Sua poesia é auto-referencial e expressa uma visão de mundo cética, mas que não perde o humor.Há outro poema do autor em ”Poesia Alheia”, trad. de Nelson Ascher, Imago.
 99º Acalanto, de Elizaheth Bishop (1911-1979) – A escritora norte-americana viveu no Brasil em Ouro Preto e no Rio de Janeiro por 16 anos. Além de poesia, escreveu contos, memórias e tem uma rica obra em cartas.”Poemas”, trad. de Horácio Costa, Companhia das Letras.
 100º Homem e Mulher Passam pelo Pavilhão de cancerosos, de Gottfried Benn (1886-1956) – A poesia inicial deste autor alemão é expressionista. Sua poesia madura, como a reunida no volume “Poemas Estáticos” (1948), é hermética e niilista. – Em ”Poesia Alheia”, Imago.
 Folha de São Paulo, 02/01/2000


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

MOMENTO

Momento

“… enquanto as estrelas da manhã cantavam… ?”
Job 38:7



dormias por certo
e quando despertaste
já havia terra e árvores
as águas medidas na régua das marés
dormias a um canto do silêncio

despertaste
como um flor nova
num jardim já vetusto
ao céu erguendo as pétalas
e só
arranhando os pés
fulvos das estrelas

03/01/12 

domingo, 1 de janeiro de 2012

ISAÍAS 53

              
Como raíz de uma terra sequiosa
sem a beleza dos ramos
em cuja ponta esplende a cor do sol
sem a formosura da aurora
mesmo por demais repetida

Como um filho que o pai trocou
misturando-o com os homens
para a salvação de todos
caminhava

de rosto exposto ao espectáculo
de facas nos olhares
perante nós que do seu rosto
escondíamos o nosso
dava a volta ao nosso peito
para entrar.

01/01/2012
Poema inédito de J.T.Parreira
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