quarta-feira, 31 de março de 2010

Proveniências


Proveniências

A dor e a agonia não provêm
Do peso excessivo da cruz
Nem dos seixos irregulares
Que embaraçam a passagem
Nem da poeira
Invasora dos cinco sentidos
Nem da coroa de espinhos
Violentamente
Engastada na memória.
Nem do escárnio
Nem do ágil chicote
Que dilacera a carne
Dos membros entorpecidos
A dor e a agonia provêm
Dos corações empedernidos
E dos olhares incréus
Do mundo hostil.

Florbela Ribeiro®

terça-feira, 30 de março de 2010

Aurora

Aurora que anuncia a vinda.
Revela a vitória sobre a morte.
A vitória da esperança.
A vitória da fé.
A vitória do amor.

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Alecrim, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

segunda-feira, 29 de março de 2010

Sobre a brevidade da vida: simbolista


Brevidade

Brancas cãs brotadas bravias
brindam, bradam, bracejam à brisa.
Brancas lãs bromadas brevias.

Broncos braços brunos de afã
brigam, bramam, brandeiam a brita.
Troncos crassos, brutos de chã.

Pernas hibernas ineternas

Lábios fábios: ressábios

E vejo a vaga vida volúbil volcada
voejar volátil: vislumbre inveraz
de venturas e inverdades,
solavancos e resvalos.

Resta recostar-me rente à relva
rezando retalhado rezas ressequidas
renhidas rezas remendadas reencontradas
do fundo mudo de meu mundo
prestes a escafeder-se,
escoar-se,
escamugir

Esvai-se a vida falaz,
e o resto presto se desfaz.

Brancas cãs bravias.
Brevias lãs brandas.
Austera presença
à espera da Paz.


De Fabiano Medeiros (1988)

domingo, 28 de março de 2010

Espelho Partido

“O espelho partiu/a moldura ficou”
Ana Hatherly


O espelho divide-nos
Bocados
nossos pelo chão
enquanto os dedos
sangram pela fúria
do vidro


Um espelho partido
ramos
do mesmo inteiro rosto
disperso na prata


A cerejeira
da moldura está
intacta.

J.T.Parreira

sábado, 27 de março de 2010

Notícia do Surf em Itacoatiara


 para Wellington, o precursor

Augusto Dia
permanece
seqüestrado
em poder
de Mar Oceano


Notícias não confirmadas
dão conta
de que o
resgate requerido
consiste em um
swell de nordeste, de 30 nós,
com 30.000 ondas de 3 metros,
seqüenciadas em séries de 3



E atenção:
um homem grisalho,
caucasiano, aparentando
ter entre 45 e 50 anos,
que se disse Negociador da Augusta
Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro
acaba de entrar na água
vestindo apenas um bermudão de tactel
e armado com uma prancha biquilha 6’3,
e um estranho ar de felicidade.

Mais notícias no Jornal das 20:00h.

Sammis Reachers

quinta-feira, 25 de março de 2010

Aprendei!

Na vitória da vida sobre a morte,
sim, aprendei, Jesus é o Senhor!

Na vitória da liberdade sobre o pecado,
sim, aprendei, Jesus é o Senhor!

Na vitória da esperança sobre o medo,
sim, aprendei, Jesus é o Senhor!

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Alecrim, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

terça-feira, 23 de março de 2010

O caminho da vida

Nascer, crescer, aprender.
Caminhar, partilhar, ensinar.
Multiplicar, transformar, curar.

Assentado no templo
ou no partir do pão,
falando aos discípulos,
ou à imensa multidão.
Jesus caminhou aqui na terra
o caminho que lhe estava proposto:
o caminho da vida!

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Alecrim, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

segunda-feira, 22 de março de 2010

Sobre a eleição: um rondel


Rondel da eleição

Ah, eu jamais me teria escolhido!
É assim que eu sei: me elegeu.
Ignóbil verme, torpe e falido,
nada exagera este mal que é só meu.

Nobre Rei, pobre, frágil e ferido,
tudo desmaia ante o amor que é só seu.
Ah, eu jamais me teria escolhido!
É assim que eu sei: me elegeu.

Afirmo com Watts: “Sou verme bandido!”.
Cego e perdido de Newton? “Sou eu!”
E justo este estado triste, caído
prova gratuita esta graça que deu.
Ah, eu jamais me teria escolhido!

De Fabiano Medeiros (2010)

domingo, 21 de março de 2010

Palavras


Sou catador de palavras
Umas são recicladas
Outras encharcadas
Com as chuvas das vidas
De quem sem palavras
Vive nas calçadas
Com fome por uma palavra
Sou catador de palavras
Algumas límpidas
Como o orvalho
Outras como cristal
Se quebram à toa
Nos ferem na carne
Há também umas...
Tão frias que fazem tremer
Sou catador de palavras
Em juras de amor
Em paixões e partidas
Sou catador de palavras
Sem nexo...
Para os corações de pedras
Palavras juntas formam
Imagem com frescor
De perfume bom...
Palavras de fábulas
Sou catador das palavras
Das parábolas
De quem nos ensinou
Com palavras
Olhar os lírios dos campos
De tanto catar
Fui catado
Pelo Logos
Que se fez carne
- O verbo Deus.

J.F. Aguiar

Via http://virtudemaior.blogspot.com/

quinta-feira, 18 de março de 2010

PONDO OS PINGOS NOS IS

Muito bem vamos encarar os fatos de frente.
Querem dizer que toda essa conversa sobre Deus é desnecessária e inoportuna, não é?
Bíblias já não são bem vindas às bibliotecas públicas nem mesmo como livro de pesquisa, não é?
Querem retirar o nome de Deus da nossa Constituição?
E o Deus seja louvado das cédulas de nosso dinheiro?
As conversas sobre comportamento e moral não leva mais em conta o que diz Deus em sua palavra, a Bíblia, mesmo que apenas para constar mais uma opinião, não tem sido assim?
O religioso que crê e empunha a Bíblia é ridicularizado e tido como antiquado, não isso mesmo?
A Ciência quer se divorciar de Deus e já vem fazendo isso há algumas dezenas de anos, estou certo no que digo?
O padrão de certo e errado é medido pelo mal que faz somente à vida neste plano sem nada ter com a vida por vir?
Muito bem. Ouçam agora o que diz Deus em resposta:
Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento? Atentai para a minha repreensão; eis que derramarei copiosamente para vós outros o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras. Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a mão, e não houve quem atendesse; antes, rejeitastes todo o meu conselho e não quisestes a minha repreensão; também eu me rirei na vossa desventura, e, em vindo o vosso terror, eu zombarei, em vindo o vosso terror como a tempestade, em vindo a vossa perdição como o redemoinho, quando vos chegar o aperto e a angústia. Então, me invocarão, mas eu não responderei; procurar-me-ão, porém não me hão de achar. Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do SENHOR; não quiseram o meu conselho e desprezaram toda a minha repreensão.

Pense bem!



Autoria; Luiz flor dos Santos, pastor na cidade de São Gonçalo do Amarante, Ceará na Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida.


CONHEÇA OS BLOGS DO PASTOR LUIZ FLOR:
www.pulpito.blog.terra.com.br
www.poesiadegraca.blogspot.com

Nesta mesa nos encontramos

Nesta mesa nos encontramos
com pessoas de todo lugar.
Não há raça, sexo ou ideias
que nos possam separar.

Nesta mesa nos encontramos
com Jesus Cristo, o Salvador.
Vinde comei! Vinde bebei!
Esta é a mesa do Senhor.

Poema integrante do livro Caixa de Versos de Giovanni Alecrim, edição do autor, São Paulo,SP: 2009

Convite

VALE DA SOMBRA DA MORTE


“Perguntou-lhe Simão Pedro: «Para onde vais, Senhor?» Jesus respondeu-lhe: «Para onde eu vou, tu não me podes seguir agora, mas hás-de seguir-me mais tarde.»”
Evangelho de João 13,36 (versão EA Bíblia para todos p. 2133)


Não podes, querido amigo,
seguir-me agora
sabes, tenho uma estrada diante de mim
que tu não conheces
pés nenhuns foram nela ainda
experimentados
o couro de sandálias nenhumas
nas suas pedras jamais se gastou

Querido amigo,
o céu aqui não é de açucenas
os penedos são gigantes espessos
ao passarmos rente a eles
acendem um véu negro no rosto
do abismo
o chão não é de pétalas
tem arestas é pontiagudo
como pregos que não sossegam
o sangue

Sei que nele
há um vale da sombra
é todo o céu e toda a terra
em peso sobre a minha cabeça
sombra da morte mais temível
do que a própria
morte

esse vale foi moldado à forma
rósea do meu corpo
o meu sangue foi-lhe
desde a Eternidade prometido
poderei eu estancá-lo?

Só eu,
querido amigo
só eu posso atravessá-lo

deixa-me ir, querido amigo,
até à outra fímbria do vale

lá as águas dos riachos
têm a cor do sol
então ao meu chamado virás
dirás que vens da minha parte

e no prado dos teus olhos
desenrolar-se-á,
até o perderes de vista, o verde

18/03/10
Rui Miguel Duarte

segunda-feira, 15 de março de 2010

SE BEBER

Se beber
Não dirija seu automóvel
Não violente os filhos
Nem lhes cause traumas.

Se beber
Não gaste o dinheiro de alimentar os filhos
De educá-los
Do bem-estar de quem depende de você.

Se beber
Não espanque a mulher
Nem se ache o rei das outras
Não vomite na porta da sala
Nem no banheiro e force a mulher a limpar.

Se beber
Não mate
Não morra (a não ser que declare antes que quer morrer)
Não cause danos à família dos outros.

Se beber
Não fale palavrões
Nem faça atos obscenos
As crianças estão por aí.

Se beber
Não aborreça os outros
(procure um lugar para despejar suas asneiras só pra você)

Se beber
Não fume
Para que juntar um mal ao outro?

Se beber
Pense no tempo perdido que poderia ter sido gasto com a família.

Se beber
Nunca pense saber beber
Pois para aprender alguma coisa é preciso estar sóbrio.

Se beber
Tenha a coragem de tomar ciência
De que o álcool ingerido tem causado
Danos à moral, à saúde, à família,
À dignidade, aos cofres públicos, a você
À sociedade.


Se beber
Depois pare para pensar
Depois, não beba mais!
Quem pensa não bebe.


Autoria: Luiz Flor dos Santos, pastor na cidade de São Gonçalo do Amarante, Ceará na Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida.

CONHEÇA OS BLOGS DO PASTOR LUIZ FLOR:
www.pulpito.blog.terra.com.br
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LAMENTO PELA TERRA

Quem apagou a luz?
A luz que indicava o caminho da vida.
Que brilhava intensamente num jardim florido.
Que alumiava todo o mundo.
Cada passo de cada um.

Por que apagar a luz por motivos tão fúteis?
Por que trocar o certo pelo duvidoso?
Por que fazer acordo com as trevas num jardim de cardos e espinhos?
Enegrecendo todo o mundo.
Cada passo de cada um.

E ainda vêem jogando pedra na haste
Que sustenta a luz do teu mandamento de vida, Senhor?

E o que isso nos valeu?
E o que disso nos restou?

Nada faz mais sentido.
Não temos sequer resposta para o obvio
E perguntamos
__ Quem somos?
__ De onde viemos?
__ Para onde vamos?

Os sábios do mundo tornaram-se loucos
A terra pranteia
O mundo enfraquece e murcha
E tudo no mundo perde a força.

A terra está atordoada por causa de seus moradores
Quando transgridem as leis
Violam os estatutos
E despedaçam a aliança com o Eterno.

Fez noite na terra dos que uma vez foram sábios!

A terra cambaleia como um bêbado
E balanceia como uma rede de dormir
E chora como a mãe privada do filho amado.

Apagaram a luz do teu mandamento de vida!
E o que isso nos valeu?
E o que disso nos restou?

Não temos mais resposta sequer para o obvio
E perguntamos
__ Quem somos?
__ De onde viemos?
__ Para onde vamos?

* Para este poema foi usado o texto bíblico de Isaias capítulo 24 e alusões ao livro de Gênesis e citação da carta de Paulo aos Romanos.

Autoria: Luiz Flor dos Santos, pastor na cidade de São Gonçalo do Amarante, Ceará na Igreja Batista Fundamentalista Cristo é Vida.

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www.pulpito.blog.terra.com.br
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Sobre a regeneração: um indriso


Indriso do novo homem

Regenerar: ação incontida do Vento
para uma gênese nova, do caos,
carrega em si a semente, a resposta, o alento,

faz nascer justos de homens tãos maus.
O que no santo germina e respira é o intento
do Espírito que propulsa as naus.

Para o mito do homem que se faz: Advento!

Para o Ator dessa obra: festas, fogos, saraus!

De Fabiano Medeiros (2010)

sábado, 13 de março de 2010

Poesia de Jacob depois do sonho


Marc Chagall


Poema de J.T.Parreira

Mas despois deste sonho sou obrigado a cantar
Ruy Belo


Mas depois deste sonho sou obrigado a cantar.
Tanto trabalho para erguer riquezas
gados inúmeros à espera das tardes
ovelhas agitando o chão.
Depois deste sonho sou obrigado a mudar
o coração, caminhar sozinho
pelo terrível chão
o Senhor brande sem vento este lugar.
E depois deste sonho, as planícies
em Canaã e um pássaro em cada
ramo das minhas árvores.

3.8.95

quarta-feira, 10 de março de 2010

Academia Evangélica de Letras do Brasil - Abertura do Ano Sociocultural 2010


Segunda à noite (08/03), a convite da grande escritora e poeta, acadêmica e amiga Eliúde Marques, estive presente à Sessão Solene de Abertura do Ano Sociocultural de 2010, da AELB (Academia Evangélica de Letras do Brasil), realizada na Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro.

No culto solene, dirigido pelo Rev. Guilhermino Cunha, Presidente da Academia e também o pastor da Catedral, o público presente foi agraciado com a declamação de duas belíssimas poesias, a cargo das poetas Dária Gláucia e Eliúde Marques, referentes ao Dia Internacional da Mulher. Notável também a apresentação do magnífico Coral ali reunido. Mas o  ápice do culto foi o 'momento da Palavra', como costumamos dizer, o inspirado sermão do Pr. Wander Ferreira Gomes, da Igreja Batista do Recreio.

Senti-me muito honrado em poder participar da solenidade, e também em finalmente poder conhecer pessoalmente os poetas Pr.Noélio Duarte e Pr.Josué Ebenézer (colaborador aqui do Liricoletivo), ambos já publicados no blog Poesia Evangélica e também antologiados na Antologia Águas Vivas. Além, é claro, dos demais acadêmicos presentes ao evento, e o Rev. Guilhermino Cunha, homem de Deus a quem eu sempre que possível ouço pelo rádio.

E uma boa notícia para os leitores e amantes da poesia evangélica: os acadêmicos Noélio Duarte, Josué Ebenézer e a nossa querida irmã Eliúde Marques são presença garantida na nossa Antologia Missionária, que estou organizando, e que tem obtido grande adesão de diversos poetas de Cristo, que fazem juz à vocação recebida.

Louvo a Deus pela vida de nossos irmãos acadêmicos. Que a AELB, que no ano que vem completa seu cinquentenário, seja cada vez mais um instrumento para promoção da Palavra de Deus e das letras e artes evangélicas, alcançando a todos, em especial a classe intelectual, que tanto carece de compreensão da verdade libertadora de Cristo.

A Poesia Vive! Graça e paz!

Abaixo publico algumas fotos. Dada a minha incompetência, boa parte não saiu a contento, mas fica aqui o registro para os irmãos.

Entrada solene dos acadêmicos, tendo à frente o Rev. Guilhermino Cunha

Poetisa Daria Gláucia declamando

O pregador da noite, Pr.Wander Ferreira Gomes

Eliúde declamando 

Eu junto ao Pr. Josué Ebenézer

Acadêmica Eliúde Marques



Eu junto à amiga Eliúde Marques, em dois momentos

segunda-feira, 8 de março de 2010

Sobre a proclamação do evangelho


Pregador,

não te iludas que é de um sermão só de voz
esbravejado horas a fio
que elas precisam

fala às gentes o sermão dalém do guarda-voz
encarnado após o atril
e as transforma

de modo que és agora um sermão-porta-Voz
prédica de pés e mãos
que anda,
se nega
se afirma
se corrige
e a todos aparece, toca, exala

Verdade em carne e osso
verdadeiramente encarnada

De Fabiano Medeiros (2010)

sexta-feira, 5 de março de 2010

terça-feira, 2 de março de 2010

Poema de Jack Leax


O Espírito deve crocitar
Arremeter
Tal qual uma ave de rapina
E ali se pôr encarniçado
As presas bem cerradas
Em teus lábios ensanguentados

E tuas palavras passam a ser
Sua Palavra
E sua Palavra passa a ser
Tuas palavras
Para que tua fala
Morta na agonia do eu
Possa ressuscitar
Em autoextinção.

Original:


The Spirit must scream
Plummet down
Like a bird of prey
And sit fierce
Talons clenched
In your bleeding lips

And your words become
His Word
And his Word become
Your words
That your speech
Dead in the agony of self
Might be resurrected
In self-extinction.


Tradução de Fabiano Medeiros. Poema publicado em O caminho de Jesus e os atalhos da igreja (São Paulo: Mundo Cristão, 2009).

segunda-feira, 1 de março de 2010

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