segunda-feira, 6 de abril de 2009

Filho da esperança

Fala-se muito sobre a esperança
Que, quando a morte nos encontra
Ela é a última a encará-la
Quando todo o resto já se foi

Mas pouco se diz de seu filho
Que, teimosa, ela insiste em nutrir
Carregando-o conosco pra lá e pra cá
Como um norte que devemos buscar

Pois, se a vida morre sem a esperança
Ela mal se aguenta em pé sem um sonho
Que traga luz e fantasia durante as noites
E visões do paraíso quando acordamos

É por causa dele que despertamos com um sorriso
E nos dispomos a enfrentar renúncias e privações
Por ele, nos envolvemos em verdadeiras epopéias
Em busca de um prêmio que, pela fé, aguardamos

Se o alcançamos, então é êxtase
Um júbilo que não podemos conter
Como se a vida alcançasse seu propósito
E esquecêssemos todo sofrimento

Ah, mas se o perdemos, como suportar o terror?
Até os raios da aurora são intimidadores
O dia perde sua cor, seus cheiros, seu sabor
E um vazio enorme preenche cada milímetro

E aí nos perguntamos: por quê?
E, sem resposta alguma, perecemos
Morrendo um pouco a cada dia
À espera daquilo que perdemos

Mas quando o sonho se perde e acaba
Sua mãe, a esperança, não desiste de lutar
E, quando tudo parece perdido
Das tristezas brota um novo sonho

Como a criança que queria ser astronauta
E se transforma no físico que explica as estrelas
O jovem que ansiava pelas riquezas deste mundo
E terminou encontrando o tesouro da graça

O primeiro amor que se vai
Deixando apenas dor e lágrimas
Dá lugar ao verdadeiro amor
Que, de fato, nos acompanhará até o fim

E, se parece incrível que seja assim,
Torna os olhos e vê se minto
Se teus sonhos de criança não renasceram
Como novos sonhos que guiaram o teu ser?

Mas, ainda que não creias em mim
E teu coração seja só dores e pesares
Ainda assim, não o endureças por completo
Até que nada mais cresça dentro dele

Porque, se perderes de todo a esperança
E não retiveres contigo um único fio dela
Então, sonho algum nascerá
E, de fato, já terás perdido tua vida

Mas, se mantiveres em ti um fiapo que seja
E confiares n'Aquele que é a nossa Rocha
Então ele brotará novamente em ti
E o sorriso tornará aos teus lábios

E o mar, outrora grande e ameaçador,
A ele de novo te lançarás
Para buscar tesouros e riquezas
E encontrar o Senhor dos Mares e dos Sonhos

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