herdade
teu pigarro
tua morosidade
teu cigarro
tua comodidade
teu desejo sereno, silencioso
tua resignação
teu bocejo, terreno arenoso
tua solidão
remetiam-me todos
ao teu dia de morte
em que amaria
ouvir teu pigarro
apagar-te o cigarro
não ter-me irritado assim
e eu seria dono de nas noites
todas as tosses
e das manhãs herdaria teu
amigo emudecido, o chimarrão
em todas as bonanças absorveria
tua calma —
nossa eterna placidez!
(não precisas deixar-me
a frieza... a indiferença
dá a teu primogênito
deita a outro e/ou a outro
tua limitosa e eterna paciência e... ah!
desprograma
a mansidão
a lerdeza
a moleza
e todo ruim de então)
Mas já não te cherarei em nenhuma ala
de nenhum fumante
de nenhum avião
— embora sabendo
que nada levarás
que for chimarrão —,
certo de encontrar-te
na casa dAquele que soprou tua fumaça
e ao decepar o teu deus te deu um Amigo.
tu sonDe Fabiano Medeiros (1989)
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