sábado, 7 de agosto de 2010

Desabafo

Certeza

1

De novo me vejo
recorrido à luta renhida
que travo com este branco infinito,
cruento branco,
que me atenua indescritível,
que suporta e não sei como
este peso obscuro
e enegrecido,
disfarçado de azul.
Sabe ele e só ele o sabe -
a pungência desta pena
de densa levez.

E quando não
do choro
de lágrimas
decomponentes e ácidas,
quando do pranto
intrínseco à vida que carrego,
e quando do gemer,
o desabafo,
o eterno desconsolo
de sempre ter
de novamente chorar.

O que li e o que me contaram
se desfez
e se condessou
no mais profundo
esconso d'alma;
ficou ali no mais exíguo
de todos os espaços,
aonde não tenho
nem quero ter acesso:
pois cansei
de sempre acreditar,
pois abominei
os sonhos
e o modo sutil
com que todos se destroem,
com que caminham
a um fim
nunca desejado.

De Fabiano Medeiros (1988)

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