segunda-feira, 29 de março de 2010

Sobre a brevidade da vida: simbolista


Brevidade

Brancas cãs brotadas bravias
brindam, bradam, bracejam à brisa.
Brancas lãs bromadas brevias.

Broncos braços brunos de afã
brigam, bramam, brandeiam a brita.
Troncos crassos, brutos de chã.

Pernas hibernas ineternas

Lábios fábios: ressábios

E vejo a vaga vida volúbil volcada
voejar volátil: vislumbre inveraz
de venturas e inverdades,
solavancos e resvalos.

Resta recostar-me rente à relva
rezando retalhado rezas ressequidas
renhidas rezas remendadas reencontradas
do fundo mudo de meu mundo
prestes a escafeder-se,
escoar-se,
escamugir

Esvai-se a vida falaz,
e o resto presto se desfaz.

Brancas cãs bravias.
Brevias lãs brandas.
Austera presença
à espera da Paz.


De Fabiano Medeiros (1988)

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