sábado, 16 de abril de 2011

VIÚVA DE SAREPTA

quando o meu marido 
ao pó se uniu
a minha cabeça perdeu o véu 

nem é meu este chão 
para cavar a minha sepultura
só tenho este filho 
um pão o derradeiro
para adormecer a morte
só esta temos 

até a voz me deixou
com o vento do deserto

mas outra voz 
a do profeta 
me pede que da nossa fome 
mate a sua fome
então o Senhor seu Deus
perpetuamente acrescentou
à minha mesa 
o sol

Rui Miguel Duarte
14/04/11

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