(por ocasião de (mais) uma guerra israelo-árabe em Gaza)
Janeiro de 2009
A mão que golpeia a ilharga é a mesma que estilhaça o crânio.
Dispõe a pedra na funda a sombra de Golias
E lança-a…
Efraim riposta com a catapulta
Jacob arremete em cheio com a espada.
De Gaza os filhos de Ismael gritam em fúria
e dos pulmões jorra o sangue
as pedras voam.
Os filhos de Isaac soltam as matilhas de molossos.
A pedra que golpeia a ilharga, a espada que estilhaça o crânio
em arremetidas repetidas, uma e mais uma e outra ainda, até milhares de fragmentos
que tingem o mar de escarlate e cinza
pois é impossível escapar por terra, para o deserto, para lá dos montes:
há o muro, um bando de leões de dentes de aço no caminho. A porta fechada na cara da urgência e do pânico.
Os filhos de Abraão
lutam por um lugar entre as estrelas do céu
que seu pai contemplou e contou.
Mas só restam os crânios rolados na praia, o sangue a excrescer da pele da fronte.
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