Pós-Modernidade
Sepulcro de santos e musas
Já me trituraste
na moenda de tuas literaturas,
envenenaste-me
com o fel laicizante de teus seios, a litania
de teu caos
embebedaste-me no meu dia mal,
lançaste-me em tuas paredes
de artes abstratas e relatividades
& sevícias
em minha fraqueza chutaste-me
as costelas com tuas pontiagudas
sapatilhas de dominatrix
mas ah! deusa vã,
Semíramis suicidada,
nem com toda a tua sanha cibernética
alcançaste matar-me
o sol romântico que em meu peito pulsa
tua dialética não logrou desconstruir
como Samá no cimo
daquele campo de lentilhas, eis-me aqui
relativizaste a Lei e vomitaste sobre a Graça,
mas saiba que no inferno não subsiste
relatividade alguma,
apenas encarceramento em fogo
adstringente-anelante-massivo
ruidosamente teu
olhe em meus olhos negros, espírito imundo
acesse a tua própria memória genética,
lembra-te de mim, dos nomes invisíveis
que em meus genes fremem
e contra ti solfejam em si bemol
a ária de Gideão, o brado retumbante
sou Josué e Leônidas, Péricles e Davi
meu punho direito nomina-se Atenas,
meu punho esquerdo é para sempre Esparta
minhas asas são o Livro de Cristo
e o meu coração é o de um mosqueteiro
ciberdemônio súcubo de sexo
e cápsulas de ecstasy
solta o meu braço, Messalina antropofágica
arreda de mim os dedos teus ressequidos
de niilismo, Górgona vampira...
Jezabel, Inversão, Vazio
Trago em meu alforje um mistério a compartilhar-te,
cabala para embalar teus pesadelos midiáticos:
antes de nós ambos nascermos
morreste tu em Sião, vencida, esmagada
num rude madeiro,
madeiro rude o mesmo
onde eu fui ressuscitado
sou uma criança e um servo e
um soldado e um
príncipe
para o meu Amado
não, não me toques
Mas olhe em meus olhos negros, ó aborto de Lilith:
é neles que eu trago o teu sepulcro.
Sammis Reachers
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