“Da porção do teu dia
dá-me
dá-me apenas”
Florbela Ribeiro, “Dá-me apenas”
Da porção do teu dia
Dá-me apenas do que tenho
em excesso de desejo
dá-me apenas do ardor
que arrefece nos corpos lentos
dos esposos
dá-me apenas uma simulação
de sol uma água ressequida
das inúmeras pedras
dá-me só das estrelas que
da noite caírem, estão perdidas
ninguém há que saiba
se por trás das montanhas
ou da linha dos mares
acharam casa
talvez a névoa e o resto
das auroras da tua voz
dá-me apenas
a migalha do teu pão
da porção do teu olhar
serão o dia
para mim
2/09/11
Um comentário:
Maravilhoso! Também rabisquei alguma coisa sobre a mulher cananéia, que mesmo enxotada continuou suplicando pela filha. Ei-la:
ORAÇÃO DE UMA CANANÉIA
Senhor,
Eu não quero uma pão inteiro:
é para os filhos!
Eu não quero a metade ou pedaço:
é para os servos!
Quero apenas dividir as migalhas
que se dá aos cães!
Dá-me, Senhor
uma migalha de benção!
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