intersecção
Por que fechar a janela?
por que despachar?
por que encolher a mão?
Não quero outro aproveitador!
Mas o que me aproveita encolher-me?
...
Prossigo o diálogo encetado
a intromissão
que era um grito de socorro
a interpolar meu mundo
e ainda pensando fazer algum favor
vejo que aprendo
humilhado
massacrado
na dor no olhar oculta
nas rugas da face em desistente sofrimento
nas roupas singelas ruças empelotadas
sob o frio das lajes, das esquinas, das calçadas, dos ventos, dos seres
nas mãos em suave frêmito sobrevividas à ressaca
precisa contar de onde vem em sua recém-conquistada lucidez, para onde vai, o que faz, o que fez, os filhos que plantou, a política que arvora, a crítica do sistema, a que cruz se agarra, e falar, e falar sem me ouvir...
tudo sob o pretexto
de uma cartela de sorte
e eu deixo. para aprender mais
uma vez como é que se ama despretensiosamente
impossivelmente um ser
johndonniano que me
pertence por ser um ser
como eu em nada diferente.
De Fabiano Medeiros (2009)
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