Dedicado a raça negra
Cada par de pés que chegava
Naquela antiga esplanada
Outrora mercado de escravos
Consigo também carregava
No silêncio de cada passada
A dor do ferro e dos cravos
O corpo e a mente dos sonhos
Do imaginário da raça
Em tais pesadelos medonhos
Suportados só pela Graça!
Uma mensagem emblemática
Do povo ali reunido
Que chegou bem de mansinho
Ao mundo se fez enfática:
“Pra sempre será banido
Da escravidão, seu espinho.”
E não é troça feérica,
Pois neste vinte de janeiro
Tomou posse o primeiro
Presidente negro d’América.
O mundo se fez reverente,
Pois a história de Obama
É a história de muita gente.
É o conto de quem foi à lona,
Mas deu a volta por cima;
Daqueles largados na lama
Que escreveram com o sangue,
Com lágrimas e com suor
O poema de libertação
Que agora entoam de cor.
A convergência do mundo
Para Washington, DC
É a poesia dos fracos,
Negros, pobres, oprimidos,
De qualquer terra ou nação.
É o canto mais profundo
De quem já caiu em si
Já armou seus barracos,
Mas pra paz só tem ouvidos
E segue com sua canção.
Não começou com Obama
E nem com ele termina,
Pois ainda existe Osama
O “Bin Laden” que azucrina.
Enquanto o mal existir
Obama e o bem têm que haver.
Por isso novel presidente
Siga a sua trajetória
Faça o mundo mais contente
Aprendendo com a História.
Tem que haver mais Woodstock
E bem menos Watergate
O mundo já está cansado
Quer um pouco de deleite.
Lembre-se de Rosa Parks
E aquele ônibus bendito
Onde ela se assentou.
Leve o povo para os parques
E proclame em alto som
Que o mundo se libertou.
Leve o povo às igrejas
Restabeleça a sua fé
Se todo mundo é irmão.
Negro, branco, ameríndio
Vivendo em comunhão
E o Universo de pé!
Tenha visão holística,
De um World Way of life.
Você criará uma mística
Que seu carisma consagre.
Lembre-se dos dias cruéis
Da segregação racial.
Os heróis que o antecederam
E suportaram o mal.
Lembre-se de Vernon Jordan
E sua tarefa exemplar
Na Universidade da Geórgia
A primeira negra escoltar.
São tantos os exemplos
Não é difícil recordar...
Mas eu não posso esquecer
Do grande Luther King
O herói dos direitos civis
Honra e glória de seu país.
Fez a marcha do milhão
Manteve acessa esta chama
Fez do negro uma nação
Numa América que se ama,
Mas que ceifou sua vida
Em melancólica despedida.
Pode dizer Barack Obama
Junto com seu afro povo
Que a América venceu.
Mas cuidado com a fama
Quando haverá de novo
Esta chance que se deu?
Chora agora de alegria
Pois raiou um novo dia.
Faça festa, balance ramos:
Pois, afinal, triunfamos!
Niterói, 21 de Janeiro de 2009. (7h45min).
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