quinta-feira, 6 de junho de 2013

Água



O sol sempre... não faz sombra
Os dentes de brasas marcam
No chão rachado rastros de peixes
O mandacaru esconde sua flor
O gado bêbado por não beber
No céu sinal de fogo
Água ausente ... lágrimas
No estradão barrento
A miragem de umas gotas
Água... será água?
Promessas, rezas, ladainhas
Linguas secas clamam
Banho é luxo, me de migalhas
Gotas, dois dedinhos de água
O sol não se vai
Meu boi se foi, morreu torrado
Sertão sua cima
Morte ao homem
Quem se importa?
Sertão sem pão
Sertão sem feijão
Minha esmola de sempre
Bolsa família dos secos
Nada... nada de molhado
Sertão sua cima
Chuvas de promessas
Rio de salivas...
A água há de brotar
Depois do carnaval
Restos de uma fantasia
Água... água...

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