segunda-feira, 9 de abril de 2012

Viveu sempre sem casa



Viveu sempre sem casa
sem mesa onde pousar os braços
cordiais exaustos da multiplicação
dos pães, sem chão
onde enxugar os pés de caminhar no mar
viveu sempre sem a seda oriental
da almofada, dormia sobre os caminhos
porque tinha a Hora a cumprir
não tinha terrenos, nem casas, nem sequer
a madeira com que fora em tempos carpinteiro


No dia em que morreu, todos
quiseram dar-lhe casa, uma rocha
aberta para o fundo
para poder descansar, um túmulo
quiseram por fim que habitasse
atrás do alto porte de uma pedra
esqueceram que Ele romperia
com seu corpo os atavios
e o suave descanso da morte.

8/4/2012

(c) J.T.Parreira

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