“Subi ao alto, à minha Torre esguia,
Feita de fumo, névoas e luar”
Florbela Espanca, “Torre de névoa”
o meu poema não habita
em torres de névoa não há espera matinal
por D. Sebastião
morreram todos eles para sempre
e os seus corpos secaram
nos dentes dos chacais
em Alcácer-Quibir
no meu poema não ardem baixo os luares
sobre as águas
no meu poema há só o sol a prumo
não há Ítacas, Társis nem Índias
de fuga ou nostalgia
há a amplidão nítida dos rios
que duma mão nascem e na outra desaguam
no meu poema há a outra margem
uma terra toda inteira
ainda sem nome nem padrão
de descoberta
30/09/11
3 comentários:
Rui, poucas vezes tenho a oportunidade de ler poemas assim, sensacionais.
Parabéns meu amigo! Avancemos para a outra margem!
Obrigado, Sammis.
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