sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um soneto de Joanyr de Oliveira


Klee, Legend of the Nile

DA ESQUIVA PALAVRA

Se a palavra se esquiva, vou buscá-la
com paixão, com desvelo e reverência;
nunca sei se num mestre ou numa vala,
porque sempre aceitei sua inocência.

Sei do verbo nas fossas e nas chamas,
mas prefiro da moeda o lado oposto:
as palavras são virgens ou são damas
a oscular o silêncio de meu rosto.

Navegante da noite, me maltrata
o nosso corpo-a-corpo, a nossa luta
em que tanto rejeita quanto é grata.

Essa lânguida fêmea... ela se oculta
pelo ermo de meu ser, e me arrebata
intangível, fugaz, plena e absoluta.

in Tempo de Ceifar

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