Se tu partiste e estás em teu caminho, não te detenhas ao ouvir rumores.
O alegre canto já bateu as asas e os teus olhos podem te perder.
Somente um é o caminho, sempre, e é a Voz que o coração escuta
Que te conduz à frente, adiante, e não as luzes que tu podes ver.
Flores e frutos em meio aos espinhos, por mais formosos, mesmo cintilantes,
Não vão passar de luz de uma vereda inebriante, longe do caminho.
Teu coração pode andar sozinho? Somente os olhos podem te guiar?
Falsas veredas acenam prazeres que esqueceste que não vais buscar?
Qual é a força, enfim, que te domina? É o anseio breve de um momento?
O mesmo apelo que seduz teu corpo é o veneno que desfaz o alento.
De quem és tu, coração que me prendes? Dentro em meu peito escondes teus segredos?
Não vem da Voz a minha segurança, e do teu meio todos os meus medos?
Não são teus pés que escolhem o caminho, se o coração resiste à Voz que guia.
Se reconheces Quem te fortalece, por que ceder à força da miragem?
Vai, tem coragem, fecha os teus olhos, caminha cego, se preciso for,
Para permanecer no bom caminho, e o falso encanto não te desviar.
São muitas vozes em que só se entende que, se eu puser os pés fora da estrada,
Eu serei tudo sem temer mais nada, tantas as prendas a me oferecer.
Mas meu caminho é muito mais estreito, fechei os olhos sem olhar os lados,
Cores e sonhos, canções e recados ficaram longe enquanto eu sigo além.
Eu me entrego à paz que me envolve: à noite, o fogo aquece os meus passos,
De dia vejo a nuvem de esperança, até que eu chegue aos braços do meu Deus.
Marco A. C. Rosa
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