GETSÊMANI
“Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim”
Mário de Sá-Carneiro, “Dispersão”
Tenho a alma amortalhada
oculta dentro de mim
e dispersa na penumbra deste jardim
a minha alma é a pedra
e a mão que a lança
a funda e a testa do gigante
a alma seca sangrada
do cutelo dos verdugos
e ainda sempre
tão em carne viva
a minha alma dispersa
pelos ramos destas árvores
e amigada às folhas caídas
que os meus pés pisam
alma casada com os espinhos
dentro de mim todo
moeda de compra preciosa
exposta na mortalha
Rui Miguel Duarte
26/05/10
Nenhum comentário:
Postar um comentário