quinta-feira, 27 de maio de 2010

GETSÊMANI


“Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim”
Mário de Sá-Carneiro, “Dispersão”


Tenho a alma amortalhada
oculta dentro de mim
e dispersa na penumbra deste jardim

a minha alma é a pedra
e a mão que a lança
a funda e a testa do gigante

a alma seca sangrada
do cutelo dos verdugos
e ainda sempre
tão em carne viva

a minha alma dispersa
pelos ramos destas árvores
e amigada às folhas caídas
que os meus pés pisam

alma casada com os espinhos
dentro de mim todo

moeda de compra preciosa
exposta na mortalha


Rui Miguel Duarte

26/05/10

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