sábado, 27 de fevereiro de 2010
Um poema sobre serviço e dor, e fé
A dor é grande
Numa megalópole cinza
Meu riquixá avança
Calos secos em pés e mãos,
Corpo firme,
Coração despedaçado
Dá-me força para servir, Senhor
A dor é grande
E o pranto primal desta urbe
Que o aD(J)versário equaliza & amplifica
Onipresente ruge
Nas microfibras que tecem
A minha camisa
O grito persiste, faz-se
como que meu,
Como que eu
A dor é grande
Mas quando meu celular reinicia
Eu leio no LCD a saudação
- sem pontuação, sem maiúsculas –
jesus deu se por ti
Isso apenas
E isso, ao cabo,
Muda tudo, Senhor
T u d o n u m r e l a n c e m u d a
E o aparelho
Fabricado na Indonésia
Por mãos muçulmanas
Que talvez não conheçam o Teu Nome
Diz-me
‘Hello, moto’
E em minha intimidade
De ex-inimigo
Em tão incompreensível paz
Aceito
Digo-Lhe (a Ti), Senhor:
- Hello, Rabi
Neste grande dia cinza
da Bombaim de cegas castas
Encha-me da Tua Palavra
Viva
Megaloquente
Que incendeia meus cismares
Teu Espírito me complete, Raboni
Com seus upgrades de Fogo
Louvado e exaltado para sempre
Seja o Teu nome
Aceita por todos
A Tua mão
Que um dia eu perfurei
Que fazê-Lo conhecido, ó meu Caminho
É tudo o que importa
E que para mim o seja
Radical, ultraortodoxamente
Calcina as desimportâncias
Do meu ego, dos meus pares, da minha era Senhor
Lança-me
Contra a corrente
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
incrível expressão de uma espiritualidade contemporânea, apressada, mediada pela tecnologia, mas que, para mim, numa primeira leitura, me parece sincera.
esplêndido!
Obrigado Catarina, e seja bem-vinda sempre a este espaço.
Graça e paz!
um verdadeiro upgrade de contempôraniedade,verdade, e sentido de e para reflexão.
Obrigado meu caro Reitler, seja também bem-vindo por aqui.
Os tempos são duros e cibernéticos, mas nosso Deus nunca muda.
Glórias a Ele!
Postar um comentário