quarta-feira, 18 de novembro de 2015

REGRESSO A OLISSIPO

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“Heureux qui, comme Ulysse, a fait un beau voyage…”
Joachim du Bellay (1522-1560)

Terá Ulisses visto fumegar a carne assando
subir acima das nuvens que submergiam a visão?
Por onde navegou ele entre Circe a a dormência

das ondas, que o embalavam para um lado e outro?
aspirava rever da aldeia a sombra
da casa que os seus maiores construíram
e cada onda empurrando a balsa

é um tijolo que refaz a memória da casa
do azul incandescente surgem aves
das bandas da ribeira, canto trazem a notícia

da morte das sereias, já não precisa o herói
de segredos de ser amarrado ao mastro
para aprender que o sonho é a realidade

a sabedoria e o amor, que Penélope
já não está encerrada em casa de mãos presas
ao tear, o dorso vergado ao sol

que nasce e se põe em cada dia
já não há sombra nem esperança
eis Olissipo que se eleva da claridade do rio

Rui Miguel Duarte
19/11/2015

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