A dor indescritível percorria seu corpo
Como antevira em cena desconcertante
Sua cabeça pendente, sem anima, morto
E todos à volta, agitados, ódio gritante
Naquele jardim o destino desenhado
O choro agoniado, alto, desabrido
O mundo todo esperando, endividado
Ele soçobrava, exausto, caído
Seu último grito soa rouco, mas livre
Em tuas mãos entrego o espírito, Pai
Em vão as últimas indicações que vive
Não leves em conta. aquele que me trai
Cristo sofreu em seu intento amoroso
As gotas de sangue caíam em registro
Assinando o quadro mais doloroso
Aquele dia da história mais sinistro
Triste paixão do homem mais forte
Que viera a se tornar fracos entre nós
Vencera a dor, a cegueira e a morte
Jazia alquebrado de maneira atroz
Na frente o horizonte perdido e embaçado
Abaixo os gritos de repúdio dos seus
Ele sereno, impávido, por nós desgraçado
Seguia seu rumo, a vontade de Deus
Num canto do olho sua mãe serena
Que distante ouvia os gemidos chorando
Não podia estender sua mão pequena
Presa no prego, fixamente segurando
No outro, o consolo da visão noturna
Multidões dobradas olhando a cruz
Nem tudo era ruim naquela cena soturna
Salvos aos milhares pelo homem Jesus
O Pai lhe dizia em baixinha ouvida
Um dia vamos receber a Igreja amada
Lavada com seu sangue, remida
No Céu, no Lar, na Eterna Morada
A Deus coube moê-lo, fazendo-o enfermar
Mas quando vir, no futuro, a sorte sobeja
Diante do seus anjos, em júbilo, afirmará
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