Carlo Carrá, O Cavaleiro Vermelho
Atrasado
Tenho pressa
De nunca mais ter pressa
Pressa de paz
Corro desde a 1° vez
De shopping centers e
afetações
E são milhares deles
Em meu circuito,
Meu circuito-dia
Os ônibus me levam
Para baixo meio e cima
E nunca vou a lugar algum
Mas corro como corro
Corro como numa tela
De Carlo Carrà
Fujo
De onde Morpheu recita
Todo o léxico do inferno
(dito poema) em meus
ouvidos
Ao som de Radiohead
Corro com tudo o que posso
Com minha perna quebrada
De quando caí do teto de
casa
Com o sedentarismo que me
combate
Corro com minha vesícula
extirpada
Corro para o Dia
Sem afetações e shoppings
centers
Corro para minha cadeira
cativa
No estádio celeste
Antes que algum
bem-intencionado irmão calvinista
A ocupe desde sempre
(‘pardon, monsieur, mas
Este lugar está reservado
desde a fundação de tudo’)
Corro em direção ao
Colapso
Desta minha carne
Com minha Bíblia
decomposta
Em 30.000 filipetas
Que distribuo, gratuitos
ingressos
Para o Pai de todos os
Espetáculos,
A presença ante a eterna
estréia
Do Coro Celestial
Corro do Pecado e da Morte
E do Inferno
Heróico em minha
irrelevância,
Marcho sobre a cabeça de
todos eles
Em meu caminho
Eu sou Ulisses e Sansão,
Davi e Tupac Amaru,
Tiradentes e Ben Gurion
Sammi Maluco da Beira Rio
Que voa em direção a
Cristo
(e) Eu tenho pressa→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→→
Sammis Reachers
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