pela galeria do metro vai
Orfeu
em busca da sua Eurídice
tê-la-á deixado cair
para ser tragada pelo torvelinho
do ar frio que se instiga
lá de cima da rua?
procura-a na galeria
na luz mole
dos olhos que reviram
desdém
procura perceber nos magotes
de vozes um silêncio
que soe à voz de Eurídice
por isso Orfeu toca o saxofone
como um bailarino em busca do seu par
Orfeu estende o som
na busca lança-o da galeria
para a escadaria e desta para o túnel
estende-a e recolhe-a
no chegar e no partir
de mais uma composição
tão paciente e tão flexível
a busca e tanto lhe dói e queima a boca
que cada sopro no saxofone
é a pronúncia do nome
Eurídice
Eurídice
Eurí-dice
Eu-rí-di-ce
Orfeu toca para Eurídice ouvir
toca uma marcha lenta
uma modinha cega
13/12/11
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