sábado, 20 de junho de 2009

O anjo no tanque, poema de João Tomaz Parreira

O mesmo anjo descia
ou era outro
Corria na cidade
a hora improvável
da visita
Os homens informavam
as crianças buliam o pó
de tanta correria
mulheres escondiam no rosto
as emoções mais puras

Um anjo descia
era o mesmo? era outro
no vento irrequieto
sobre as águas
num gesto branco e largo
Para os absortos nada
nem para os solitários
mesmo para os confiantes
da vida sem finalidade
Só os doentes mais hábeis
entravam no torvelinho
das águas lavradas
na velocidade da luz

Um dia o anjo não veio
ou veio tarde, era o mesmo
ou seria outro? Alguém
no entanto que veio
vinha pelo seu pé
e trazia nos olhos toda
a desarrumação do mundo
e vinha com ouvidos atentos
para a hora do milagre.

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