Não há bem maior
que o meu Senhor.
Não há futuro melhor
que o meu Senhor.
Não há conselho melhor
que o meu Senhor.
Não há segurança maior
que o meu Senhor.
Tu, ó Deus, és minha alegria,
meu futuro, meu presente,
minha eterna companhia.
Tu, ó Deus, és a presença tão terna,
a plenitude da alegria,
a felicidade eterna.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Salmo 16
Marcadores:
Giovanni,
Poesia Inédita,
Salmos
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
UM RAPAZ FUGIDO DE CASA
“Vale a pena voltar, mesmo que seja diferente”
Cesare Pavese
Bebendo a manhã molhada
de braços caídos, a única possessão
o vazio
nas mãos, feito de coisas que passaram
feito de coisas duma vida
outrora cheia, este rapaz
a quem chamaram pródigo, fugido
de casa, vem pela penumbra
do regresso, ainda não sabe
que os olhos do pai não têm vacilado
diante das estrelas
que os olhos do pai têm bebido
cada dia, cada hora o último fio de sol
até à madrugada.
25-9-2011
J.T.Parreira
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Oração de um pastor
Quem sou eu, ó Deus, meu Senhor?
Servo inútil, chamado a ser pastor.
Incapaz, por mim mesmo, de pastorear
teu rebanho e teu povo alimentar
É teu o rebanho, não meu, Senhor
É teu o povo, sou um inútil pastor.
Usa-me na minha imperfeição,
minha vida, está em tuas mãos.
O teu povo, que a mim confiaste, ó Deus
que eu os ensine a buscar os caminhos teus.
Na tua palavra há, o perfeito alimento,
que é paz, direção, e suficiente sustento.
Ensina-me a falar a mensagem da salvação
mostra-me como andar em tua retidão.
Glórias sejam dadas a ti, meu Senhor,
pois fizeste de um servo inútil, pastor.
Servo inútil, chamado a ser pastor.
Incapaz, por mim mesmo, de pastorear
teu rebanho e teu povo alimentar
É teu o rebanho, não meu, Senhor
É teu o povo, sou um inútil pastor.
Usa-me na minha imperfeição,
minha vida, está em tuas mãos.
O teu povo, que a mim confiaste, ó Deus
que eu os ensine a buscar os caminhos teus.
Na tua palavra há, o perfeito alimento,
que é paz, direção, e suficiente sustento.
Ensina-me a falar a mensagem da salvação
mostra-me como andar em tua retidão.
Glórias sejam dadas a ti, meu Senhor,
pois fizeste de um servo inútil, pastor.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
A Grande Noite Matricial versus O Amanhecer
Você já teve a sensação ‘matrixial’ de estar
Sempre preso a um pesadelo?
A cada acordar, após cada sorriso,
No centro sutil de cada uma de suas lágrimas?
Eu estou preso a um mesmo e multifacetado pesadelo.
Um dia, ainda num ventre, após meu incipiente cérebro
Atingir determinado número de neurônios,
E estabelecer um limite operacional mínimo
De conexões entre eles,
Eu tive meu primeiro e único sonho.
Era um pesadelo.
Nele, um alguém-entidade,
Meio pó, meio pai, nominado Adão
Me matou.
Estamos todos presos dentro de um pesadelo,
O primeiro, o mesmo e o único de cada um de nós.
Um omnipesadelo do qual Cristo
É nossa única incontornável possibilidade de DESPERTAR.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
La Palabra Rosa
&todo o jardim fará uma reverência
e.e.cummings
La palabra rosa hace
la rosa
la concibe como el corazón
concibe nombres, la sangre
de esos nombres, la palabra
como la flor dentro de la rosa
Las venas en silencio
creciendo para la explosión
de la rosa, si hay alguna
rosa es porque Dios
dice los pétalos
de la primera rosa.
in Encomienda a Stravinsky
(edição bilingue)
J.T.Parreira
e.e.cummings
La palabra rosa hace
la rosa
la concibe como el corazón
concibe nombres, la sangre
de esos nombres, la palabra
como la flor dentro de la rosa
Las venas en silencio
creciendo para la explosión
de la rosa, si hay alguna
rosa es porque Dios
dice los pétalos
de la primera rosa.
in Encomienda a Stravinsky
(edição bilingue)
J.T.Parreira
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
UMA PALAVRA
“Basta que digas uma palavra e o meu empregado ficará curado”
Evangelho segundo Lucas 7:7
Não mordo as palavras
porque elas são espadas e
as espadas não se mordem
apontam-se aos ouvidos daqueles
para quem elas palavras vão
perfuram-lhes a vontade própria
são palavras que fazem mover exércitos
e tremer a terra
há quem as aponte aos meus ouvidos
como vida e morte me apanham
nunca desprevenido
porque é minha pele e o meu peito
respiram a vibração constante
dessas palavras de ordem
dessas vozes de comando
e me fazem mover
mas só uma Tua palavra
morde na garganta
a minha apreensão
só uma Tua palavra
abrevia a distância
entre mim e a minha súplica
só ela cala todas as outras palavras
16/09/11
Evangelho segundo Lucas 7:7
Não mordo as palavras
porque elas são espadas e
as espadas não se mordem
apontam-se aos ouvidos daqueles
para quem elas palavras vão
perfuram-lhes a vontade própria
são palavras que fazem mover exércitos
e tremer a terra
há quem as aponte aos meus ouvidos
como vida e morte me apanham
nunca desprevenido
porque é minha pele e o meu peito
respiram a vibração constante
dessas palavras de ordem
dessas vozes de comando
e me fazem mover
mas só uma Tua palavra
morde na garganta
a minha apreensão
só uma Tua palavra
abrevia a distância
entre mim e a minha súplica
só ela cala todas as outras palavras
16/09/11
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
ESCONDO-ME, poema de Joanyr de Oliveira
Diego Rivera: Construção do Palácio de Cortéz (detalhe)
Escondo-me de Hernán Cortez
(como os astecas: súditos e reis),
dos bacamartes de Espanha
que emergiram sorrateiros.
Escondo-me da fome de esmeraldas
que bebeu rios de sangue
nas veredas do Anhanguera.
Com os escravos brancos
daquelas guerras antigas,
com os cativos soluçantes
(ah, os zonzos navios negreiros),
vou estendendo meu grito
nos subterrâneos do dia.
Com os pássaros enlouquecidos
e os nativos do sul,
escondo-me de corpo inteiro
- antes da vinda do Sol –
da ordem unida dos “marines”,
e das nuvens de napalm
a apunhalar as alturas,
e das nuvens de napalm
a incendiar o galope
dos meninos amarelos.
Escondo-me dos tanques vermelhos,
com a grande estrela do pânico,
nos brancos portais de Praga.
Escondo-me das mãos
que mataram as canções longas
do poeta Federico,
das baionetas noturnas
que assustaram toda a ilha
e os sóis de Pablo Neruda.
Escondo-me das mãos ainda
que escrevem com cassetetes
a suja palavra: “apartheid”.
Escondo-me dos que me exilarão
de itinerários antigos,
se barrigas indiscretas
roncam seu pleno vazio
e os roncos fendem meu sono.
Escondo-me com meus irmãos
dos loucos tecelões da noite.
Joanyr de Oliveira
in Tempo de Ceifar (Thesaurus Editora, 2002)
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
A Pomba
(Piero de La Francesca)
que descia
passou todas as fronteiras
nas margens do Jordão
um sinal pairando, mais do que um sinal
uma voz
acomodava a beleza divina
nos ouvidos, a voz
do Pai que ilumina o Filho.
12/9/2011
Inédito de J.T.Parreira
sábado, 10 de setembro de 2011
GROUND MINUS ZERO
“O conselho dos anciãos já não se reúne às portas da cidade nem os jovens tocam os seus instrumentos de música.”
Lamentações de Jeremias 5:14
tudo cessou naquela manhã
quando os pássaros se desviaram da rota
em que as andorinhas se tornaram
abutres de sangue dragões de fogo
de cor negra manchando o azul
tudo cessou nas bocas, o canto
mesmo o espanto, os murmúrios
dos velhos nas portas, nos jardins
as flores foram as primeiras a beber
a morte, quando uma mão
as pintou de cinza, tão cinza como ela
tudo cessou, a música
que a cidade se habituou
a ouvir enchendo as ruas vibrando
nos arranha-céus foi na saudade
tudo se precipitou nos buracos da terra,
mas ei-los de novo no rés-do-chão
eis de novo as árvores com alma de Fénix
ei-las de novo com porte e copas de vida
11/09/11
para o 10.º aniversário do 11 de Setembro
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Por um rio que havia em Babilónia
Por um rio que havia em Babilónia
nossos olhos perguntavam pela foz
nossas mãos colhiam e deixavam
passar por entre os dedos as estrelas
num rio que havia em Babilónia
nas margens assentamos
o coração cansado
e os cordeiros, como as harpas
presos aos salgueiros
a um rio que havia em Babilónia
descalçamos as alparcas
e lançamos orações
como a um muro de águas.
1/9/2011
J.T.Parreira
(publicada in A Ovelha Perdida)
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
ORAÇÃO DA CANANEIA
“Da porção do teu dia
dá-me
dá-me apenas”
Florbela Ribeiro, “Dá-me apenas”
Da porção do teu dia
Dá-me apenas do que tenho
em excesso de desejo
dá-me apenas do ardor
que arrefece nos corpos lentos
dos esposos
dá-me apenas uma simulação
de sol uma água ressequida
das inúmeras pedras
dá-me só das estrelas que
da noite caírem, estão perdidas
ninguém há que saiba
se por trás das montanhas
ou da linha dos mares
acharam casa
talvez a névoa e o resto
das auroras da tua voz
dá-me apenas
a migalha do teu pão
da porção do teu olhar
serão o dia
para mim
2/09/11
Pompeia
Poema inédito de J.T.Parreira
Cinco corpos tranquilos a esperar
pela ressurreição
das cinzas, na pedra entretecida
quando o fogo se extinguiu
cinco corpos presos
em silêncios, sem vergonha
da nudez, adormecidos
quem sabe os pensamentos
que vagueiam na frescura
da tarde de Pompeia.
30/8/2011
Assinar:
Postagens (Atom)