sábado, 26 de fevereiro de 2011

Em teu toque a toxina


Mata miosótis que eu germinava

em meu #peito

Demais disto, Tabitha,
há flores em Samarcanda
que nunca colheremos;

Há um funeral de três dias
no grande estado de Madhya Pradesh
que é e não é o meu.

Sammis 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

MEU E TEU CAMINHO


Se tu partiste e estás em teu caminho, não te detenhas ao ouvir rumores.
O alegre canto já bateu as asas e os teus olhos podem te perder.
Somente um é o caminho, sempre, e é a Voz que o coração escuta
Que te conduz à frente, adiante, e não as luzes que tu podes ver.

Flores e frutos em meio aos espinhos,  por mais formosos, mesmo cintilantes,
Não vão passar de luz de uma vereda inebriante, longe do caminho.
Teu coração pode andar sozinho? Somente os olhos podem te guiar?
Falsas veredas acenam prazeres que esqueceste que não vais buscar?

Qual é a força, enfim, que te domina? É o anseio breve de um momento?
O mesmo apelo que seduz teu corpo é o veneno que desfaz o alento.
De quem és tu, coração que me prendes? Dentro em meu peito escondes teus segredos?
Não vem da Voz a minha segurança, e do teu meio todos os meus medos?

Não são teus pés que escolhem o caminho, se o coração resiste à Voz que guia.
Se reconheces Quem te fortalece, por que ceder à força da miragem?
Vai, tem coragem, fecha os teus olhos, caminha cego, se preciso for,
Para permanecer no bom caminho, e o falso encanto não te desviar.

São muitas vozes em que só se entende que, se eu puser os pés fora da estrada,
Eu serei tudo sem temer mais nada, tantas as prendas a me oferecer.
Mas meu caminho é muito mais estreito, fechei os olhos sem olhar os lados,
Cores e sonhos, canções e recados ficaram longe enquanto eu sigo além.
Eu me entrego à paz que me envolve: à noite, o fogo aquece os meus passos,
De dia vejo a nuvem de esperança, até que eu chegue aos braços do meu Deus.

Marco A. C. Rosa

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Poema Sem Fim


esvaziar de vazio
um balão vazio

ninguém nunca me disse
que a Poesia era tão perigosa

achava 
que era apenas uma
Arte
com tudo de bom e grande e ruim nisso

mas é mais
há Vida
e Morte
envolvidas

- ninguém nunca me avisou.
...
...

O trecho acima pertence ao novo blog/projeto/poema (tudo isso junto...), que iniciei a poucos dias, Poema Sem Fim. Veja abaixo o texto de apresentação do mesmo:

Tenho 32 anos no momento em que inicio este Poema (20/01/2011) e pretendo alimentá-lo enquanto eu viver. E montado no lombo da mula manca poesia, meu alforje de pretensões ganha o mundo: mesmo depois de morrer, se Jesus ainda não houver voltado, alguém continuará este poema por mim, por si próprio, pelo poema - filho ou cão, finlandês ou guatemalteca, curitibano ou itaquaquecetubence.

Ora triste, ora alegre, ora claro como um riacho doce, ora prenhe de hermetismo como uma HQ do Moebius, esta é uma eterna obra-em-progresso, um poema que não pára, meta-poema inolvidavelmente - pois um pretenso poema-sem-fim precisa, com todas as suas imprecisões, ser meta(poema), (des)dobrar-se sobre si próprio, retroalimentar-se para (p)e(r)sistir.
Estranho poema estranhamente vivo em sua solidão multifária, eis o Poema Sem Fim...

Conheça o blog-poema: http://opoemasemfim.blogspot.com/

sábado, 5 de fevereiro de 2011

PARA O FIM

“Mas tu guardaste o melhor até agora!”
Evangelho segundo João 2:10



o mistério foi deixado para o fim
para a hora em que a atenção
lhe flui para uma estrela

para o fim deixou o aceno da vida
o abandono exacto de todo o cansaço
e a revelação nas mãos abertas
de um presente perfeito
para o seu amor

é no fim do rio
que mais o peito se lhe dilata
ao seu sopro nítido
e que os olhos mais se lhe abrem
para as bocas sagradas
da madrugada

para a última vindima
para os cachos do fim
guardou o acorde unânime
de todas as castas
no último cálice

no fim do banquete
à hora de fechar as canções
disse dum só fôlego
o melhor poema
aquele que só nessa hora
os ouvidos estão aptos
para entender


Rui Miguel Duarte
5/02/11
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